quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Perpétuo bem na hora- parte 1



Afinal, continuo a postar " A Macumba da Rua Uranos", hq com o Perpétuo (veja posts anteriores nesse planejado mês de Fevereiro), a qual permanece inédita até hoje. Tinha prometido que haveria contos também, nesse blog. Mas até hoje estava sem concretizar a promessa, assuntos variados no caminho, Poe que o diga. Como parte da homenagem que estou fazendo ao Perpétuo e ao Cabral (Ver "Se Richard Corben nascesse no Méier"), escrevi um conto novinho estrelando personagem, que vai publicado no post de hoje e no próximo (ficou maior do que eu esperava). Caso algupém queira saber como o Perpétuo cavou o espaço pra ter as atitudes estranhas que o leitor vai ver, é só ler até o final " A Macumba da Rua Uranos", a hq que tá bem mais lenta pra ser postada que "Perpétuo bem na hora" levou pra ser escrito... Bem, ao vencedor, as batatas!! O conto vem AGORA!



PERPÉTUO BEM NA HORA –por Patati
Perpétuo cruzou as pernas e se abanou. O calor cozinhava. A tarde calma. Até a bandidagem se sentia no forno,e ficou quieta. Cores fulgurantes no céu desenhavam crepúsculo grandioso. O detetive sabia, contudo, que a noite pode começar muito bonita, mas terminar de cada maneira feia, mesmo! Os orixás não o tinham chamado à toa. Nisso, abriu a porta Valdemar, seu colega, atarantado, o cabelo já despenteado, e os olhos esgazeados:
- Cacilda!
- O que foi, amigo?
- É hoje!
- O quê?
- Hoje à noite!
- Tá doido? O que é que vai acontecer, hoje à noite, home de deus?
- Ele volta !!
Antes que seu colega conseguisse reagir, Valdemar saiu porta afora acelerado. Perpétuo coçou a cabeça, intrigado, e foi atrás. O calor deixa todo mundo meio doido, mas nunca o tinha visto assim. Terminava de anoitecer quando saíram da delegacia. Valdemar entrou no carro. Já estava escuro. Perpétuo andando rápido, sem perdê-lo de vista. Embarcou também. Nem puxou conversa. Valdemar acelerou para a Urca. Suando frio. Perpétuo espiando o outro com o rabo do olho. Chegaram. Perpétuo quis perguntar alguma coisa, enquanto estacionavam. O outro nem deu atenção. Saltou do carro e seguiu caminho. Foi direto a uma entrada de serviço da emissora de televisão. Parecia bem à vontade.
A entrada da emissora era atravessada pela avenida. De um lado da calçada, a entrada principal. Um pouco mais suntuosa do que seria, se o prédio tivesse sido feito para a emissora. Na outra calçada, mais rente ao muro, sem degraus e recepcionista, várias portinhas levavam a áreas técnicas e a uma garagem cuja saída principal dava para a rua de trás. Perpétuo já estivera ali antes. Sabia que o lugar não era fácil de se transitar. Valdemar entrou por uma das portinhas de serviço técnico. Decidido. Perpétuo atrás, em ordem diferente da costumeira, isto é, ele na frente, sabendo muito bem o que fazia. Agora, na frente ia seu colega atarantado, ele ali para que não fizesse besteira. Sua boa situação atual, dentro da força, não havia tirado sua disposição de trabalhar. Valdemar não estava passando bem. Isso, contudo, não o impediu de sair quase atropelando elenco e técnicos, pelos longos e estreitos corredores. Perpétuo cada vez mais intrigado. Valdemar nunca havia dito nada sobre aquele lugar difícil, mas a desenvoltura com que estava avançando mostrava familiaridade. Como Perpétuo era conhecido e querido cidade afora, salvou o couro de muita gente, circulou fácil ali dentro, com Valdemar; surpreendia as pessoas, mas tudo o que faziam era sair do caminho.
Pararam na frente de uma porta estreita. Esta fez uns barulhos curiosos, quando Valdemar a forçou e atravessou. Perpétuo não teve tempo de pensar nisso. Os dois entraram num estúdio, ou no que lembrava um. Estavam no seu amplo recinto principal. Havia, a um canto, um lugarejo envidraçado, por onde, com um conjunto de monitores, o diretor e seus ajudantes acompanhariam a ação e os atores, se o lugar estivesse em uso. Perpétuo foi lá olhar, mas só encontrou entulho. Os dois ambientes, empoeirados e cheios de teias de aranha. Perpétuo perdeu Valdemar de vista por alguns segundos. Não havia luz alguma ali, a escuridão era quase completa.
Os dois haviam encontrado mais um canto esquecido, naquele verdadeiro labirinto. Quando os curiosos e surpresos começaram a se acercar, Valdemar voltava a si, estranhando aquele buraco inesperado onde se metera. Perpétuo tinha lhe dado umas sacudidas, que o acordaram. Depois perguntaria que diabo os tinha trazido até ali. Agora era hora de ir embora, não deviam abusar da hospitalidade. O detetive caçou seu amigo pelo braço e o levou dali, enquanto a segurança do canal, embaraçada, informava a direção do andar que havia encontrado mais uma sala inesperada, num corredor dos fundos.
Valdemar não disse nada, enquanto Perpétuo lhe perguntava se estava ficando doido. Exigiu do colega que fosse ao médico. Não podia sair daquele jeito de dentro da delegacia, sem nem dizer nada. O outro não sabia onde enfiar a cara, e se desfez em agradecimentos a Perpétuo. Já era noite fechada quando chegaram na delegacia. Estavam trabalhando no caso de uma fuga espetacular, de um presídio. Através de um túnel cavado com cuidado durante muito tempo. Precisavam estudar a situação, e separaram umas horas para isso. Caíram no trabalho.
Apesar do excelente café que tomaram, Perpétuo, Valdemar, Cristiano e outros que se juntaram a eles na dura tarefa de descobrir quem liderou a fuga, por volta de meia noite, dormiram. As fichas dos bandidos caídas no chão e na mesa.
-HEH!!HEH! HEH! Continua, e conclui, no próximo e emocxionante post! Tenha paciência, amigo!! Evoé!!- e depois, se teve a paciência de ler o conto( e, em tempo, a hq), comente!

1 comentário:

  1. Estou acompanhando e adorando a história. muito legal sua homenagem ao meu pai. Abraços, Fábio Freitas

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