terça-feira, 4 de maio de 2010

Mágico Vento, realismo, romantismo

Comecei, nos dois últimos posts que consegui fazer, os de Abril, uma pequena discussão da presença do realismo nas hqs de aventura. Assim, o post de hoje continua nesse trem. Além da vasta maioria das hqs de super-heróis, muita coisa nas hqs de aventura parece realista. Mas dialoga de muito perto com a tradição romântica da qual eu falava, na qual os corpos dos personagens principais estão sempre nas suas melhores condições, mesmo que estejam explicitamente tomando uma bela surra..No passado, nunca o realismo deixou de ter representantes num mercado dominado por esse romantismo vestido de realista., no qual os super-heróis dominam. Com o Mágico Vento, do roteirista Gianfranco Manfredi e inúmeros desenhistas, incluindo José Ortiz e Ivo Milazzo, também rola, ainda que de modo próprio, esse diálogo entre realismo e romantismo. Correndo o risco de me repetir, lembro de um caso que Manfredi contou, certa vez que esteve no Brasil. Estava fazendo uma aventura em que Mágico Vento conhece umas vagabundas. No roteiro, as tais mulheres estavam descritas como maltratadas, gastas, cheias de estrias, uma que outra desdentada. Cabe lembrar que MV é uma série sobrenatural sim, gótica, portanto romântica também,embora afinado com uma sensibilidade diferente da desse "leitor médio" americano a quem se destinam os super-seres. O seu velho oeste está construído de acordo com pesquisa histórica rigorosa, preocupada com índios e brancos, e que contrasta mas integra muito bem o sobrenatural.. Claro: a série é assim feita com uma visão realista, naturalista mesmo, do que foi o velho oeste dos EUA, em particular o confronto entre brancos e índios.Aonde, em que tipo de realismo(ou de romantismo?) vai levar? É interessante ficar sacando.  Bem, o desenhista do episódio, e o editor-chefe da Bonelli, o próprio Sergio Bonelli, avisaram Manfredi que as vagabas tinham que ser bonitas, senão as revistas não venderiam nada. Ou seja, para além da falsificação do real feita com as criaturas sobrenaturais, existe também a sua idealização. Falsificação mais sutil. Mulheres feias não interessam a ninguém. Certo, sem dúvida é um romantismo machista. Será que na Itália o público é principalmente masculino, também? É preciso , mesmo que não com a espetaculosidade americana, fazer alguma coisa continuar idealizando, mesmo que com certo pessimismo...Bem! Excelsior! Acho que continua logo!

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