segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dafne e Gran Torino


Bom...quem é a Dafne, essa moça aqui do lado? Pergunta misteriosa do momento... Eu e o Allan não tomamos jeito... Temos algumas idéias bacanas em comum,algumas antigas, outras mais novas, sobre protagonistas possíveis para aventuras em quadrinhos que deixem fluir a ficção cientifica, meio carnavalesca, é claro, mas FC sim senhor, que nos inunda as veias... Então a gente inventa cidades, cria personagens, faz pesquisas... Apesar do som meio greco-romano do nome dela, Dafne se relaciona mesmo é com a mitologia, o calendário e a cultura maia em geral, que maravilhou arqueólogos e astrônomos com a sua capacidade matemática, de um lado, e seu enlevo artístico/criativo, do outro! Alguns a diriam sublime, e através dela se conseguiram resultados tremendos, do ponto de vista da precisão dos resultados de previsões de resultados agrícolas e alinhamentos estelares... Um desenho como esse que postei hoje é um estudo de personagem, parte de um processo às vezes lento e às vezes rápido, de estabelecimento de uma base de trabalho...só se desenha repetidas vezes, a partir de diversos pontos de vista, quem já se conhece bem!! Bom, o que é que tem isso tudo a ver com o magnífico filme de Clint Eastwood, "Gran Torino", que tá fazendo parte do título do post de hoje ? "Gran Torino", de forma aprofundada, finalizada, é um estudo de personagem também! Claro, não é só sua premissa gráfica feito a Dafne aqui do lado, mas um estudo acabado, "estereofônico". Não estou falando do pistoleiro quase sem nome, impiedoso e lacônico, que percorreu a maioria dos filmes em que Eastwood atuou, na primeira fase da sua carreira. Não. Mas do Dirty Harry, o policial durão, pragmático, que estreou no na época violentíssimo, se não me engano, "Magnum 44", que mandou bala, decidido, numa ampla conspiração de... corrupção policial! Através dos filmes que fez com esse quase estereótipo, porém revisado, como tudo de respeito hoje em dia, Eastwood vem estudando esse personagem do cana durão mas de bom coração, tanto quanto o pistoleiro solitário de que falei antes, e que desembocou no igualmente excelente "Os Imperdoáveis". Lá ele fez isso revisando o mito do caubói por dentro, aqui o do policial. "Gran Torino" mostra um homem que tem que estar à altura do mito e decide encarar o desafio. Agora , o que é bonito é que ele faz isso ultrapassando, se livrando dos preconceitos que foram usados na construção do mesmo mito do qual escolhe estar à atura, para lutar o bom combate. A clareza com que vê esse bom combate na sua frente é o que comove. Incluem séria auto-revisão, mas bem discreta... As atitudes que toma surpreendem pela radicalidade e pela maestria. Um trabalho desses é um coroamento e exige maturidade. No caso de Clint Eastwood, a sua maturidade aflora Conradiana, conquistada no fogo de sabe-se lá quantas aventuras extraordinárias, agora revistas à luz dura da atualidade que sabe criticar seu passado... O que eu e Allan, com muita calma, estamos começando (sempre começando, o Brasil é a terra dos começos, ainda que alguns levem a bom termo) é a procura de um personagem que dê foco, que seja retrato desse histórico projetivo , a FC com que mais uma vez voltamos a conversar... a renovação da cosmosfera terrestre é uma aventura ainda por narrar... Sim,por outro lado o "mês" de Poe continua, esse foi um intervalo , devido a uns singelos probleminhas de produção, mas nosso POEta volta logo!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Corvo-Corben volta ao assunto




Caramba! O Corben dá trabalho, sim! Mas vale a pena! Não consegui fugir do seu jeitão tridimensional, não!! O caso é que, já depois do fim da Warren, muitos anos depois, no selo contemporâneo MAX, da Marvel, voltado a conteúdos mais adultos, ele e o roteirista Rich Margopopulos, com mais páginas pra cada hq, voltaram à obra de Poe! Nada contra se voltar a um tema! Contanto que não se faça a mesma coisa! Nesse novo caso, se dedicaram a hqs inspiradas por sua poesia e procurando inovar no tratamento dos poucos contos adaptados, entre os quais, sim, "O Coração Revelador", com o qual Os dois não mexeram, na época da Warren.A preocupação de não se repetir no tratamento do Corvo é evidente . Pode-se ver nas ilustrações do post de hoje: ficou mais entusiasmado, sem perder a classe. Corben e Margopulos injetaram foi mais sexo na sua leitura de Poe. Um beijo como o que está aqui nunca foi escrito pelo POEta, suspeito. Outra coisa: a minissérie teve três números,cada qual trazendo três textos dele pra quadrinhos, sempre com rendimento final diferente do proposto pelo Poeta. Um desses textos seria algo conhecido e os outros dois sempre poemas escolhidos a dedo. O texto principal do primeiro número é esse tratamento do Corvo... A "vantagem" de um tal tratamento é que permite publicar o original, isto é, o poema, por inteiro, junto da hq que inspira. O pacote é bacana, ainda que , como toda releitura, não seja muito fiel ao original...Bem, uh...carpe diem!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Retrato Oval



Richard Corben,como eu disse na última vez em que falei do assunto, é um dos quadrinhistas americanos que de mais perto tem se relacionado com a literatura. Adaptou diversos autores, já mencionei não "apenas" Poe como Harlan Ellison, Robert E. Howard, e hoje ainda acrescento William Hope Hodgson, no livro recente sobre a Casa... a Casa... "The house on the Borderland", é isso! - que saiu pela Vertigo em português pela Devir (ou muito me engano). Ainda hoje o desenhista continua contando muito bem suas histórias,com seu habitual rigor de realização; o mercado é que afinal conquistou franqueza comparável à sua. Com a obra de Poe, tanto na Warren como fora dela, esse já vivido bacana realizou diversas tremendas hqs; a maioria das quais, como é o caso desta versão de "O Retrato Oval", com roteiro de Rich Margopoulos. Escolhi essa hq pra comentar hoje porque dessa vez Corben realizou uma excelente variação. O conto de Poe, como se sabe, é sobre o pintor que pinta a esposa tão bem que seu retrato fica mais real que ela, absorvendo-lhe a vida enquanto ela definha.(Não é uma história de vampiro, não? Nem sempre é preciso mostrar as presas...) Bem, Corben nessa hq só usou seu conhecido hiper-realismo (na época, ainda não havia ninguém que rivalizasse com ele no quesito), seu lance especial com os volumes das coisas, no retrato que o camarada está pintando! Seu trabalho no resto da hq é realista no sentido em que o de diversos outros artistas americanos é: realista de traço e não de sugestão de volume com outra técnica (uso de aerógrafo,acho eu, mas, me esclarecem, no caso dele, não apenas do dito). Assim, não só a sequencia das imagens conta a história, mas também o uso contrastante de duas técnicas de desenho... duas ou mais! Numa das páginas que ilustram o presente post, por exemplo, vemos uma ampliação progressiva do assunto de um quadro, e em vez de um detalhamento maior do assunto em si, o que a imagem nos mostra é sua retícula, ou seja, um aspecto gráfico, como um limite da sua capacidade de definição do assunto, o que dá muito certo nesse caso. Claro, o argumento do Poe se prestava muito bem a experimentos sobre o que é mais ou menos "real". No entanto, porque diacho ninguém ainda tinha feito? Continua, sim!! No próximo e emocionante episódio!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A LUNETA MÁGICA-O fim da festa do lançamento




Eh, eh, eh...O lançamento d´A LUNETA MÁGICA já foi na quinta feira passada, mas não resisto a voltar ao assunto ainda uma vez, todo contentão como fiquei de ver nosso trabalho circulando... O Márcio mandou essas fotos que postei e ainda mais umas outras, que não cabem. Toda festa, é claro, tem seus ausentes sentidos. No nosso caso, teríamos, como o próprio Márcio disse num e-mail, ausência sentida foi do Sílvio Alexandre, nosso excelso editor. Mas ele mora em SP, é um camarada ultra super-hiper atarefado como soem ser os paulistas; além do custo em grana , também haveria decerto outro custo em tempo e trabalho. É mais ou menos pelo mesmo motivo que duvido muito nos seja possível fazer lançamento paulista, por mais que se creia na força daquelas plagas, em termos de compradores, e até mesmo do número de bacanas que daria as caras pra matar as saudades um pouquinho. Mas é importante dizer que o cara soube conversar com a gente, falar as coisas corretas na hora adequada, e contribuir para nosso trabalho. Um interlocutor na hora do texto faz boa diferença. Mesmo que ele, ao que me lembre, só tenha lido um pedacinho, soube o que dizer. Caso no nosso país houvesse um "ramo dos quadrinhos",as relações fossem minimamente mais profissionais, creio que teria papel importante. Dito isso, cabe notar que foi só um dos ausentes importantes. Alguns personagens da novela (pra manter a terminologia do Ota) desta vez não se encontraram de novo, cada qual por motivos distintos, do calendário ao cardápio mal escolhido, em noitada recente. Mas também foi ótima ocasião para ser surpreendido com reencontros bacanas... e assim houve uma continuação comemorativa! É fato, com umas visitas surpresa no dia seguinte de manhã... Gente que se confundiu mas nem tanto. Lançamento não quer dizer nada, se não gerar um bom boca a boca. E isso eu acho que esse nosso com certeza vai fazer (já está fazendo), mistura de festa afetiva com ocasião comercial que foi, e depois , como a noite foi fértil em conversas bacanas, nossos jardins continuaram cultivam essas flores curiosas, as perspectivas de realizações futuras!! Deu pra gente ficar bem contente, sim!! Pode ter sido o primeiro livro que o Márcio põe na praça, então é a primeira vez que ele e o Lucas sentem isso...Olha, eu já pus outros á venda, mas pra mim fazer a festa do lançamento é sempre como achar que é o primeiro... Confesso que eu, pessoalmente gosto!! Ah, sim, antes do mês acabar, o nosso Poe volta a nos visitar! Fim de festa de certo jeito, sempre possível de começo de outra!!!

domingo, 16 de agosto de 2009

A LUNETA MÁGICA- O lançamento foi quinta feira!


Esse aqui do lado é o desenho que Márcio fez e o Lucas coloriu, pra sortear no lançamento da Luneta Mágica. Não tenho certeza, mas acho que veio quentinho da prancheta do segundo pro lançamento de nosso livrinho. Sim, o Márcio é o excelente de Castro, que desenhou a hq. E o Lucas a coloriu e letreirou, de modo que o desenho representa dois terços das forças envolvidas. O Lucas foi o último dos três a chegar. Eu fiquei envolvido , a tarde toda, com a papelada de mais uma esperança, digamos, ainda vadia. Mas difícil de formular em termos burrocráticos. Demorei pra me livrar disso, mas consegui chegar na livraria na hora certa. Tomei a insulina lá mesmo, mantendo o horário apesar do dia ser especial. Um detalhe especial isso, que eu curti bastante. Eu e Márcio começamos a assinar autógrafos assim que sentamos na mesa que a livraria montou. Quem ganhou o desenho foi alguém que apareceu lá por conta dele, e ainda estava na região, quando fomos depois pra Devassa que tem ali perto da Travessa, pra comer e conversar. E aí chamaram, ela foi lá, pegou seu desenho e saiu toda contente. Eu apreciaria, também. Ficamos bem felizes; o livro, como eu já disse aqui, tá bem impresso, todos os que lêem curtem e espero muito que nos dê a chance de realizarmos outros trabalhos assim. Espero que as livrarias o botem pra vender e que ele seja fácil de achar. Ou seja, que venda aos potes! Merece, mesmo que eu seja suspeito pra dizer. A Livraria da Travessa tem feito um excelente trabalho de promoção dos quadrinhos e não se pode esperar isso de todos, mas acho que em geral se amplia o espaço dos quadrinhos nas livrarias, e há mais delas e isso tem significado expansão dos points de hq. Outra livraria carioca que faz um trabalho legal com hq é a do Arteplex, em Botafogo. As livrarias, eu acho, têm evoluído pra esse espaço de frequentação, com os bares e tudo, e salas de palestra e debate, e as hq têm um papel nisso. Já em especial o lançamento de um livro, do ponto de vista de quem o faz, é como eu já digo faz tempo, a ocasião de ver " heróis diferentes na mesma aventura". Aparece o amigo antigo, o seu ex-aluno, o outro bacana que já trabalhou contigo, o desenhista brilhante que vc acaba de conhecer, e assim diferentes períodos da vida da pessoa trocam figurinhas. Isso sem falar na família, que no meu caso prestigia , que bom! No meu caso, sem o apoio e o afeto da Juliana e da Sophia, não dava nem pra saída. Além disso, quando você tá lançando um trabalho em colaboração, como é o caso da Luneta, aparecem também, como diria o fabuloso Ota, os personagens da novela que tá passando no outro canal. O que te dá, é claro, a sensação de renovação. A confraternização posterior, quando nós, também o Márcio e a namorada,o Lucas e mais uns outros bacanas, esticamos no restaurante, botou por exemplo a Sophia (minha filha de três anos, já, minha nossa senhora!) pra conversar com o Oswaldo, que tem um passado oculto e misterioso no papel do robô Kronski, que era quem de fato resolvia os casos do detetive Alex Sartori, da Divisão de Casos Absurdos, mas tinha que morar num armário mesmo assim. Oswaldo tentou me convencer que já fez parte do elenco de "O Amigo Americano", mas eu sei que foi de "Chinatown". Só esses diálogos todos já valeriam a noite, e a Sophia morrendo de rir, ainda por cima. Como são acontecências do lançamento do meu livro, além do mais, não posso senão ficar alegre. E esperar, repito, que venda aos potes! E que as bibliotecas das escolas públicas se apaixonem por ele...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A LUNETA MÁGICA- o lançamento é amanhã, na Livraria da Travessa de Ipanema!!!



Eh, eh, o post de hoje é micro, o calendário e uns outros escritos piscam na minha frente,coisa meio atrasada mas merecedora de atenção, eu continuo nadando, carne de pescoço... Cismadão esqueço de avisar o leitor acidental que ainda hoje aqui acaso passe...é amanhã!!Dia 13 de Agosto! Sim, é amanhã o lançamento de nossa adaptação pra hq do romance de Joaquim Manuel de Macedo... "A Moreninha" é só o primeiro de seus títulos, de retumbante sucesso comercial já naquela época... O cara teve pra mais de vinte títulos publicados, bem uns trinta! Outra reedição de texto seu, que vi, mas não comprei, é sobre as ruas do Rio da época dele, sob seu olhar satírico...Sim, o cara era romântico, mas não ingênuo, nem muito menos burro!As otoridade num fica sem as oreia bem puxadinha, merrrmo, não!!! Embora ele não quisesse dar "aula" de Brasil a ninguém...não idealizava índio, não, ou pelo menos até agora nas minhas mãos não chegou...Diversas vezes, isso sim, uma ou outra passagem da Luneta soa bem contemporânea...A opinião sobre comportamento de político, por exemplo, permanece atual geral!! E olha que naquele tempo ainda havia escravidão... as classes dominantes possivelmente tinham representantes mais toscos... Enfim...por hoje é só, tenho que mexer outro caldeirão, reitero o convite a quem passar por aqui.,.. aparece na travessa de Ipanema, amanhã de noite...´[e claro que depois eu conto como foi!!! Sursum corda!

domingo, 9 de agosto de 2009

Copacabana é bem bacana





Esse trem do "mês" de Poe ficou enorme!! E ainda tá longe de acabar, graças à riqueza do acervo relevante que tá sendo possível levantar... Só que, nesse meio tempo, não escrevi sobre mais nada! E ainda fui atropelado pela necessidade de reciclar gavetas!! Bem, uma das coisas que não é quadrinho baseado em Poe , e cujo comentário tá bem atrasado, é o belo livro do Sandro Lobo e do Odyr, Copacabana. Odyr do quê? Não descobri, olhando o livro. O cara desenha, viu! Mais do que isso: era o parceiro correto pra esse livro que o Lobo vem moendo faz tempo. Sim , posso não ter estado perto da panela,na hora do fogo, mas na cozinha desse projeto, já antigo, eu estive sim!! E é bom dizer dizer que compensa, e muito! É um quadrinho francamente literário. Não, não está adaptando romance de ninguém pra hq. Mas é romanesco, porque não economiza páginas para nos dar uma boa noção da vida da Diana, que transita no bas-fond copacabânico. E nem é folhetinesco!!! O livro não conta uma "grande trama", mas dá um testemunho suado, amalgamado, junção de diversas coisas cujas sombras, ao menos, o Lobo viu. Esse livro, aliás,com um tal lado de reportagem, se torna bastante oportuno, no momento em que se fala de colocar no lugar da buate (a Help) o MIS... Quem viver, verá! Dizem, também veremos a zona portuária botando pra quebrar... bom, quanto a nós aqui temos motivo pra achar que o cancelamento de um símbolo não é o de um problema, e todas essas garotas continuam na rua. Sua imersão na sacanagem geral, no livro de Odyr e Lobo, não nos é mostrada pra nos provocar, mas pra nos dar a ver o que muita gente tem que fazer com sua vida. O que é bem legal nessa hq é o lado de testemunho. Lobo escreve sobre o que viu ... A hq nos traz a duração quotidiana da vida da garota e dos poucos momentos que consegue descolar. No preto e branco impreciso do Odyr, sublinha o quanto todas essas vidas são provisórias. Mas, porém, contudo, todavia, toda vida o é, né? Sobre essa coisa do testemunho, pra completar, recorro a um dos meus heróis, Lima Barreto, que disse mais ou menos o seguinte: "Escrevo pra que meu leitor entenda em quinze minutos o que levei a vida toda pra entender sozinho". Foi o que o Lobo fez! Há um amadurecimento de fabulação e de texto, no qual investiu, até escolher essas tão poucas imagens, tão poucas palavras, que mostram tanta coisa... Peço desculpas aos eventuais leitores pela qualidade do corte dos scans, muita coisa aqui tá mais provisória do que devia...Contudo, dá pra ver que a hq se desdobra devagar, vai trazendo a gente pra dentro aos poucos...Ainda que provisório, incerto, Copacabana permite vislumbrar um mínimo de melhoria de vida... e essa semana voltamos ao Poe!!