sábado, 14 de agosto de 2010

Logicomix é ducacete!!!

Caramba! Esse é o post mais atrasado dos últimos anos! Escaneei a capa e três páginas de dentro desse excelente livro em quadrinhos, e batalhei longamente pra botar ao menos uma imagem de página interior do livro , mas neca do jpg baixa resolução fazer a viagem, só mesmo a capa. Minha presente conexão de fato está pior.Mas vamos ao assunto de hoje, essa magistral e incomum hq. A atual evolução dos quadrinhos tem ampliado o seu tamanho médio. Não é mais difícil encontrar na livraria  hqs de 300 páginas ou mais. Este tem 310 páginas em cores, e discute, de modo metalínguístico muito bem urdido, a história pessoal dos pioneiros do estudo da matemática avançada no século vinte, principalmente a paixão de Bertrand Russell pela lógica. Romanceia certas partes de sua vida, omite outras, e admite isso. Em função de mostrar melhor a conexão entre trajetórias pessoais e intelectuais de algumas das figuras de ponta da matemática e da filosofia do século vinte, como Alfred North Whitehead, Kurt Gödel, Ludwig Wittgenstein, Alan Turing, Georg Cantor, Henri Poincaré, e diversos outros matemáticos/filósofos marcantes. Ao longo do livro, eles e também  Apostolos Doxiadis ( argumento  e roteiro) , Christos Papadimitriou (argumento) Alecos Papadatos (desenhos) e Annie Di Donna (cores) trocam idéias , mostrando a epopéia pessoal e coletiva da lógica moderna. Tudo isso sem parecer dar aula, mas com  bastante discussão filosófica apresentada de forma clara. O livro é uma ousadia, e deve ter demorado bastante tempo para ser feito. Cabem algumas observações sobre o estilo escolhido (criado?)  por eles; uma espécie de linha clara moderna, ensolarada. A linha clara é a principal escola franco-belga de hq, desenvolvida desde os anos 40 com o Tintim, depois com Blake & Mortimer, e por aí vai. O que eles criaram é uma linha clara mais sensível ao aspecto emocional da história, e ficou bem legal. Esses gregos originais, autores do Logicomix, são moradores de Atenas. A cidade também aparece na hq, apesar de não ter qualquer eelação com Bertrandd Russell, mas ficou pertinente;façanha da boa narrativa!! Ainda por cima, infiltra Ésquilo na conversa, também sem desafinar.Claro que no final tem boas notas completando as informações vistas na narração. Conseguiram criar uma abordagem mais solta dos preceitos da linha clara;   tais como desenhar os personagens de modo mais simples que os cenários, realizar os volumes com a cor e  dar um tratamento sintético , não  romântico, às anatomias e cenários; ligeiramente humorístico, sem ser  caricatural. Simplificado e de leitura rápida. Acho que o Scott McCloud deve ter gostado. O estilo não exclui o humor, mas  quer mesmo é fornecer descrições simples, precisas, de pessoas e situações.É ótimo para as perguntas em jogo, para as peculiares poesia e epopéia  dessa gente. Fiquei sabendo, por exemplo, que muitos grandes lógicos endoidaram... e o desenho se relaciona com esses sentimentos, não só com os cenários que mostra. Amanhã eu tento de novo postar algumas das pgs de dentro desse magnífico gibi, que pode ser o único que você vai comprar esse ano, numa boa. Aí vou exemplificar  o que digo sobre o desenho incorporar o clima de medo como o de alegria, nas vidas dos bacanas envolvidos. Sim; continua no próximo e emocionante episódio; com a pergunta que sempre volta: isso é realismo?

domingo, 8 de agosto de 2010

Retomada Johnson: Oceano!!



Chega de silêncio! Chega de silêncio! Já fiquei quieto tempo demais! Retomada Johnson, ao ataque!! Tenho, desde que comecei a escrever aqui, cometido umas ausências, mas essa foi a mais longa de todas. Não vai continuar!! Textos fora, que fico esculpindo aos poucos, não deviam me afastar daqui tanto assim. O que é pra ser fruído logo depois de escrito também tem seu valor. Além do mais, porque eu, pelo menos, aprecio os trens em que tenho embarcado, até aqui,  O mote que  continua em pauta, apesar da data que faz que não volto aqui, é a discussão do realismo e do romantismo em quadrinhos de aventura. Existem muitas variantes possíveis, e o exemplo de hoje, a excelente hq "Oceano" de Warren Ellis (roteiro), Chris Sprouse (desenhos) e Karl Story (cores), mostra isso muito bem. É de um realismo interessante essa hq. Num contexto de FC, ou seja, apesar do absurdo das características da situação, e da sua solução, o parente mais próximo é a hard sf, a que leva em conta a verossimilhança da tecnologia. A que discute as transformações da vida a partir de hipóteses claras, muito inteligentemente alinhavadas, subsumidas ao texto de modo a se integrarem, à narração com algumas falas e diálogos escritas de modo bastante preciso. De maneira igualmente precisa, a arte não mostra nada que não se integre ao todo, e com o mínimo de elementos possíveis. A hq não glorifica uma beleza que se imporia a nossos olhos, dizem os autores, já desde as menores informações. Mesmo a beleza das cores do gibi não glorifica o que narra, num curioso encontro da sensibilidade de um Arthur C. Clarke com a de um H. P. Lovecraft.  Medo e sense of wonder de mãos dadas!! No que escrevo, aspiro a isso, portanto sei que é difícil e que o uso de qualquer tempero fora da proporção escangalha a refeição! Hoje em dia, com a inflação de informação que rola em nossos quintais, sabemos que citar não deve ser feito de graça, e sim com propósito, senão a história vira catálogo. Apresso-me, assim, a garantir que Ellis também nesse departamento se mantém conciso e discreto. Outro diferencial de "Oceano" é seu ritmo narrativo muito bem trabalhado, em que a sucessão dos acontecimentos joga muito bem com seu ritmo e sua sucessão. Só acho que cada página merecia mais quadros. Esse negócio de lotar de quadros horizontais aproxima demais de um storyboard de luxo. Creio que se pode  ser realista de maneiras mais ricas, mas  esse gibi já é diferente dos outros gibis industriais dos quais é derivação, os de super-heróis. Como um gibi Vertigo, voltado para a FC e não pro fantástico, leva sua sensibilidade mais amadurecida para o visual também. Só de não encontrar estudos glorificados de anatomias atléticas a cada quadro, já acho o máximo. As pessoas parecem mais...pessoas, e as coisas tremendas que lhes acontecem me interessam mais e melhor que a inflação de impossibilidades típicas de um super-herói!! Enfim...continua, sim, no próximo e emocionante episódio!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os dias da Peste

Acabo de ler o recém publicado, e ótimo, livro de Fábio Fernandes, "Os Dias da Peste". FC brasuca da boa, muito realista tanto no texto principal como nas satíricas notas de pé de página, um achado. Nada de salvação do universo, de space opera., de escala grandiosa de eventos.Aqui, eu tenho discutido , embora faz tempo não escreva no pedaço, as relações entre realismo e romantismo, verdade que nos quadrinhos.Essa leitura pwermite continuar a  trocar idéias sobre o dito assunto.. Além de ser muito bacana, creio que o livro se encaixa  bem,  numa discussão relativa. Os eventos, no livro, afinal, podem abranger uma sociedade inteira, mas nunca são "transcendentais". .A discussão se transforma, uma vez que o livro é texto, e não hq. Mas não deixa de acrescentar...Claro, assim como existem hqs ingênuas, existem outras realistas, e teria que ser o caso dessa novela, caso fosse adaptada. Mas realismo não é detalhismo, Frank Frazetta não é Boris Vallejo. No livro do Fábio  não cabe nenhum herói, nenhum romantismo, nenhuma epopéia. O livro, traz um jeito cotidiano ao gênero, o que lhe faz bem, descongela o que muitos ainda pensam ser seu molde, por aqui. A história terá talvez sido sugerida ao Fábio por um dentre os muitíssimos livros que cita, (todo mundo lida com inflação de informação) " Um diário do Ano da Peste", do Daniel Defoe, o do Robinson Crusoe. Embora esse livro seja uma  ficção, e se refira a pessoas inventadas, os eventos descritos  tratam do tremendo impacto da epidemia de uma peste horrível, em Londres dos mil seiscentos e tanto. Fábio atualiza o conceito, ficcionalizando a doença também; mais não digo, que é falar demais. O livro dele , publicado com acerto de produção gráfica e capa pela Tarja Editorial, de SP (onde mais?), merece entregar suas surpresas na hora em que escolhe fazê-lo, não antes. .A ação se passa no Rio, o que dá um outro sabor, com o rico tempero de referências que traz ao texto. Embora o gosto de tanta gente pelo Cervantes e pela boemia de Copacabana me escape... Senti um pouco de falta da Lapa, pelo outro lado, mas isso é implicância, não pensamento consistente. Se fossem desenhar esse livro em quadrinhos, todo o começo de Copacabana teria que ser  retratado em detalhe, com humor. Diversos bairros da cidade teriam que ser estudados com calma, e caricaturados também . O realismo, de um jeito menos zangado que muitos românticos, é humorista,sim; e  a sua redução das proporções humanas não ao escultural, heróico, mas ao patético, é um grande ganho. Penso num traço de humor porque o livro tem muitos momentos dele. Um olhar que sabe rir não esperaria grandes heroísmos de personagens e situações, que não dispensam sua dureza, ou seu caráter prosaico, só por estarem misturados com o desenvolvimento da tecnologia.Os quadrinhos franco-belgas, uma das main schools da mídia, gostam de exatidão de cenários e deformação, humorística ou não, simplificadora ou não, de personagens. Não ficaria bacana botar um Tardi pra estudar geografia carioca? Bem, é claro que essa longa brincadeira realista/romântica ainda não acabou, e esses dias volta ao centro das atenções. Fica aqui minha entusiástica recomendação da leitura desse livro LE-GAL! Excelsior!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Zola e Frazetta



 Essa incursão, hoje, no mundo do comentário de literatura, está ligadíssima com o tema do realismo e do romantismo em hqs de aventura. É só  ter paciência que se vê por onde.Enquanto isso, quem sabe, a gente hoje se diverte junto de um modo ligeiramente diferente... Pra começar, limitada essa capa, né? Quem já leu a prosa enfurecida desse mestre do folhetim popular não viu nada de tão estático, mas o mergulho apaixonado no mundo cujo panorama  traçava, acho que semanalmente, na grande imprensa, sob os olhos de todos. Émile Zola  (1840/1902) escreveu caudalosamente, e saiu sempre primeiro no jornal, sendo depois reunido em livro. O miolo de sua produção foi o ciclo dos Rougon-Macquart, uma  família presente nos pontos nodais da sociedade francesa, tais como ele os via (é claro). Assim, havia um Lantier no escuro dos subterrâneos espremidos, quando o terrível risco de vida, por parte dos trabalhadores, foi  parteiro do movimento sindical- "Germinal", esse conhecido clássico da literatura francesa, é o romance das  minas de carvão! Havia uma Lantier nos cabarés e prostíbulos elegantes frequentados pela nata da época - a própria "Nana" cuja desgraçada trajetória acompanhamos, nesse romance da difícil vida fácil! Havia um Lantier alucinado  domando um motor acelerado pelos caminhos , no romance das estradas de ferro! É " A Besta Humana" de que fala o título, que completa o trio de obras dele que li até agora. Todos têm em comum a ambição de "dar conta" de seu assunto, fornecer uma descrição exaustiva e acabada, que faça aparecer os sintomas das doenças! O naturalismo , realismo radical do qual esses  folhetins estão entre as expressões máximas, pretende ser um diagnóstico, compreendendo que atrás do se vê há o que de fato se passa. O que é que isso tem a ver com quadrinhos? Ora, vocês acham que, se Zola virasse hq, seria o hiperdetalhismo da hq de super-heróis, o tratamento mais adequado? De um realismo que se pretende sintomatologia? Não é  desenhar os músculos de modo preciso e bem no lugar que garante sua expressividade...Todos os grandes desenhistas sabem disso, saltando à mente , dois exemplos. Primeiro, o  óbvio, o do Frazetta, de quem aqui se tem falado; e também o do primeiro grande mestre do jogo de luz e sombra nas hqs, Milton Caniff, autor  de "Terry e os Piratas" e "Steve Canyon". Este formulou o problema assim: "Nunca desenho os músculos onde estão, mas onde parecem estar. " Ou seja, caindo na real, nossa percepção nunca é completa. Por isso, não se trata de detalhar, mas de aprofundar a pesquisa para saber usar os detalhes certos. Por isso, para um Zola, a literatura, a narração, tinha o dever de desvendar. Querer compreender, junto com o leitor. Lima Barreto escreveu, numa epígrafe, mais ou menos o seguinte: "Escrevo para que se compreenda em quinze minutos o que demorei uma vida para entender"- Ou por outra, já imaginaram um Frazetta que lesse Zola, que se quisesse realista??? Ca-cil-da!! Essa é uma realidade paralela na qual eu gostaria de morar!!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Anno Dracula

 É impressionante esse livro do Kim Newman...eu já tinha lido faz um tempo, agora foi lançado em português,  aproveitei pra reler.  Presta-se muito bem a uma pausa no trem de realismo e romantismo em hqs de aventura, por que tenho viajado esses dias.  A edição brasileira tem uma vantagem quanto à minha, um pocket. A edição brasuca traz, entre outros extras, um atlas dos coadjuvantes, quase todos personagens pré- existentes.  O livro tem em comum com qualquer atitude realista o alto nível da sua pesquisa. Esse atlas mostra ao leitor mais desavisado que por parte do elenco nãoi foi criado para o livro, está lá reinterpretado. Como realiza isso numa narrativa muito ágil e bem construída, é leitura instigante! Não se trata só de dizer que Dracula se tornou Príncipe Consorte da  rainha Vitória. Em torno deles, estão presentes os mais variados vampiros, seus antepassados nesse estilo de literatura. Só falta o horla (vampiro psíquico criado por Guy de Maupassant, presente em todas as boas antologias de literatura sanguessuga). Porque Carmilla está lá, e também lord Ruthven ...  entre outros! São personagens de folhetim ou mitológicos, que a primorosa pesquisa de Newman faz render muito bem, compo parte de uma sociedade que se vê transformada, e no caso, transtornada também. A hipótese que aventa, para a identidade de Jack o Estripador, se coaduna com essa lógica de vampirizar não só os folhetins prévios, como o registro da época na sua cultura popular. Tudo isso com uma visão crítica do império britânico e dos impérios, em geral. E  é uma grande sacada, muito bem realizada! O tipo do livro que exigiu paciência e amadureceu, dentro do autor. São vampirizadas não só as histórias de vampiro, mas a ficção popular vitoriana.  Assim, até o elenco de apoio de Sherlock Holmes dá  as caras, junto com personagens de H.G. Wells e Robert Louis Stevenson. Em suma,  esse livro está pro mundo dos vampiros assim como "Tarzan Alive", do Philip José Farmer, está pro mundo dos heróis de folhetim. O que não é dizer pouco! O Gerson Lodi-Rinbeiro, escritor brasileiro que gosta de trabalhar com história alternativa, chama esse jogo de "Ficção alternativa", já que trabalha um ponto de variação não a partir de momentos da suposta "história real" , mas a partir do folhetim antigo. "O que aconteceria se Dracula tivesse vencido Van Helsing?" É a pergunta que se faz, em vez de "O que aconteceria se a informática tivesse acontecido na era vitoriana"? Ambas são válidas, dão boas histórias. Caracterizam  a  dita "ficção alternativa" e  a "história alternativa". A segunda, de onde puxei a premissa, é exemplificada por "The Difference Engine" de William Gibson e Bruce Sterling, que trabalha com a premissa da informática. Tudo excelente leitura, e o que é mais impressionante, hoje em dia, passível de ser achado em português do Brasil...eu acho bom sinal. Também acho, com diversos outros que se "arriscam na caneta", que o momento contemporâneo pode ser uma abertura de caminho pra quem fizer a FC brasuca participar da busca, um tanto espinafrada, esbanifrada, mas busca, que se nota sim, pela cara do Brasil. Ou é bobgaem isso, peça do meu museu? Queria ter relações mais próximas com mercado livreiro...isso é, eu e a torcida do flamengo, né isso? Excelsior ! Evoé! Volte sempre!

domingo, 23 de maio de 2010

Mais considerações Frazéticas

 Não consegui escanear a imagem tão bem quanto queria, mas ela faz o serviço. Sei que já passou um tempo desde a triste notícia que trouxe esse tremendo artista popular para a atenção do Enquanto isso, o devezenquandário renitente. É que, como o leitor há de lembrar,venho discutindo presença do romantismo e do realismo nas hqs de aventura. Depois de um início de carreira bastante envolvido com hqs, Frazetta encontrou seu caminho de fato como ilustrador, um termo amplo , no qual cabem o pintor,o  capista de livro e disco, o cartazista de cinema, o diabo e mais um pouco. As capas que fez pra Warren, e logo depois as hoje famosas capas pra reedições de livros (sim, ele foi criado como personagem de folhetim) de Conan o Bárbaro nos anos 70,marcaram época. Atraíram legiões de fãs, no mundo das hqs apenas para começar, e influenciaram  muita gente, de um John Buscema a um Roger Dean. Passando até pelo Druillet  (segundo o próprio, nas antigas)!!! Como os desenhistas de hq imitaram suas figuras e figurinos! Claro, contudo, para além de quaisquer adereços, Frazetta tinha essa tremenda compreensão do corpo humano. Isso possibilitava tanto o óbvio,  a distorção declarada, como a sutil. Escolhi essa capa pro post de hoje porque ela ilustra ainda de um outro modo o diálogo do realismo com o romantismo. O camarada no quadro está tragicamente apavorado! Esse poder de "atuação", a expressividade de seus personagens, permanece inigualado. Acho que é a base por cima do qual o seu talento para atmosfera, cenografia e figurino, realizou seu imaginário épico, um paradigma do pop aventuresco. Mesmo se não estivessem lá os lobos que cercam o camarada, , a imagem ilustrando a conversa de hoje ainda seria capa assustadora. A maneira de desenhar e pintar o medo que o sujeito sente é mostrá-lo todo exagerado. Como " o mais apavorado possível". A carga emocional operática que seu trabalho tinha, aqui nesse caso, está voltada para mostrar a vulnerabilidade, a fraqueza do personagem . Nesse sentido, acho que aqui o conhecimento de como o medo transforma a pessoa (realismo) e de como pode fazer isso "ao máximo" se encontram com muita felicidade. É uma imagem mais realista porque, no fim de contas, ao menos por um momento, o assunto da pintura tem músculos como os do leitor..Quando falta o herói na imagem, Frazetta ainda é mais crível!!! Bem, por hoje é isso! Excelsior! Volte sempre! Eu volto logo!!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Elogio do Frazetta

 O trem aqui era outro, esses dias, mas certos acontecimentos nos desviam dos percursos inicialmente plotados : no mundo real, afinal, as coisas afinal são mais ágeis do que a elaboração acerca delas. Não é que, meros dias depois de eu ter postado uma imagem do Frazetta aqui no Enquanto isso, ele faleceu? Sim, o leitor desse blog decerto sabe, mas não custa esclarecer: Frazetta era o mestre dos mestres da ilustração fantástica, o criador do paradigma de romantismo fantástico na ilustração popular. Barroco de massa. Infelizmente faleceu esses dias, aos 82 anos. Uma era terminou de passar. Com o sumiço de gente como ele, Joe Orlando, Dick Giordano, vai terminando de sumir todo um modo de pensar e sentir...o tempo em que quadrinhos eram entretenimento polular com apenas certos toques autorais, e seu mercado era bem maior. O alcance do trabalho de Frazetta extrapolou isso em muito, é claro. Aconteceu na década de sessenta e foi um dos índices dos tempos. Foi com ele que a fantasia heróica assumiu de uma vez seu lugar no mundo pop. Sua arte visionária codificou todo um pseudo-realismo, um onírico detalhado e sensual com músculos estilizados e sensualidade quase nua. Trouxe pras capas de gibis e revistas e publicações variadas uma noção de anatomia subvertida,uma imaginação ousada , criativa como poucas, e  tributária de todo um imaginário que o mccarthismo e o dr. Wertham teriam erradicado....Profissional de hq dos anos 50, Frazzetta nos anos 60 ampliou seu mercado de um modo estúpido,o que o livrou do destino esculachado de gigantes como Jack Kirby.  Fez capa de livro, de disco,  de filme, o diabo. Até o Clint Eastwood (Dirty Harry, acho) passou pelos seus pincéis, mas foi desenhado, não copiado!!! Até hoje tem gente imitando, e não vai deixar de haver...Mas não adianta, não tem pra Boris Vallejo nenhum! A base do trabalho de pintor de mestre Frazetta é  o tremendo desenho de mestre Frazetta,  sua insólita visão das coisas...  não gente parada, fotografada.  Frazetta terá usado quase nenhum modelo, e se usou anarquizou-lhes as anatomias e os figurinos de um tal jeito...Não há dúvida, seu trabalho parece realista mas traz é poderoso romantismo injetado, além de uma imaginação vitaminada já filha do pop, super-informada, por comparação ao que terá sido acessível a um Virgil Finlay (outro grande ilustrador , mais de FC que de fantasia, que atuou décadas antes). Eu pessoalmente gostaria que Frazetta tivesse feito mais quadrinhos, mas na época...Por outro lado, nem o grande Archie Goodwin tinha um texto à altura. Se na época se imprimisse hq com a qualidade de hoje, porém , dá pra imaginar o Conan que teria feito. Contudo, será que o caminho trilhado por ele e tantos outros, com resultados tão bacanas e também ruins (dependendo de quem e como fez) é o único, pra que haja uma hq bacana? Ou será que podemos ser românticos também acerca...do realismo? Bem, continua no próximo e emocionante episódio!!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Super-Heróis e Romantismo

Chamar uma imagem dessas de romântica talvez, a princípio, não pareça idéia séria. A moça tem cara de tudo, menos romântica. Mas mantenho que a concepção da imagem o é. Por isso mesmo estou fazendo esse post de hoje. Antes de discutir, quero localizar a danada. Como se pode ver, a Mercy não é uma super-heroína. O que não fica claro olhando essa imagem é que a moça é uma caça vampiros. Mas ela tem, como os super-heróis em geral,  marca gráfica bem  clara e própria, algo que a torna bem reconhecível, quase um dístico. Estou falando da sua tatuagem sexy. Tanto quanto um escudo de super-herói , tem um design preciso, algo que a torna reconhecível de imediato, a cada quadro. Mesmo que seja mais discreto(será que é de propósito?) As pessoas nessas hqs super-inspiradas são o mais perfeitas e reconhecíveis possível. Ainda que se possa fazer isso de dentro de uma fantasia espalhafatosa ou de dentro de uma aparência mais discreta, como a dessa moça. Hoje já não existem os problemas gráficos que levaram a essas  atitudes por parte de desenhistas e editoras. Mas nos EUA, muito personagem se torna marcante assim .
 Esse gibi é de 2008, e surfa na onda vampírica que, eu acho, ainda rola, apesar dos zumbis (não só os da Marvel)  mandarem bem. O texto é de Patricia Briggs e David Lawrence. A arte, colorida e pintada, (nem que no photoshop), de Francis Tsai.  Dentro do gibi , a gente descobre que Mercy é protagonista de alguns romances da mesma Patricia e essa hq  é um spin-off: uma minissérie que aterrissou na minha mão agora, e serve como  luva pra continuar a conversa de realismo e romantismo.
A editora, eu não conhecia, é uma nova, Dabel Brothers. O mercado americano é grande mesmo, mas instável. Ainda existirá? Esse primeiro número já pressupõe algum conhecimento da personagem. Talvez já nem seja a primeira hq. O gibi vem cheio de anúncios de gibis de fantasia adaptados de romances idem, mas eu não conheço nenhum. O Francis Tsai,  que eu também não conhecia, faz um serviço competente, como se pode ver, na linha  "quase mangá-mas-um-pouco-Bill-Sienkiewicz", que muitas vezes rola quando se sabe que o gibi vai ser bem impresso. Porque é que eu digo, e mantenho, que essa imagem é romântica? Bem, a personagem conserta automóveis. E  tem esse físico? Talvez eu esteja sendo bobo, mas a imagem sugere mais uma cantora pop. É só trocar a ferramenta na mão dela por um microfone. Aí ela ia ficar lembrando uma dessas mais folk muderno... Acho que a imagem de capa seria mais realista se ela assumisse que está cantando. Ou treinando?. É nesse alcance imediato que eu chamo de romantismo. Nessa idealização.A altura tem que ser grande, pra queda valer a pena. Não tem nem uma gota de suor, nem de graxa, na "mecãnica"? Todo mundo, na maioria das atuais hqs de aventura, é  sempre o mais bonito possível. Sim , alguns são o mais feio possível ( Dorian Grey é romantismo as well). Eu gosto , sem dúvida.. É uma solução, ou todo um tipo de soluções, que ajuda a realizar boas hqs, com apelo. Essa  da Mercy tem a rapidez de leitura que as hqs modernas super-heróis hoje têm, seu ritmo sem trégua.Tudo bem. Dá certo. Mas nem isso nem o romantismo da apresentação da personagem são o único modo que existe, para se realizar excelemtes hqs aventurosas. Diversos encontros do traço de humor com a hq romântica (no sentido exposto e em mais alguns) rendem , por exemplo, realismo também. A gente continua a conversar sobre isso! No próximo post, mais Mercy Thompson, que por dentro quase não é romântica! Evoé! Continua, no próximo e emocionante episódio!!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Mágico Vento, realismo, romantismo

Comecei, nos dois últimos posts que consegui fazer, os de Abril, uma pequena discussão da presença do realismo nas hqs de aventura. Assim, o post de hoje continua nesse trem. Além da vasta maioria das hqs de super-heróis, muita coisa nas hqs de aventura parece realista. Mas dialoga de muito perto com a tradição romântica da qual eu falava, na qual os corpos dos personagens principais estão sempre nas suas melhores condições, mesmo que estejam explicitamente tomando uma bela surra..No passado, nunca o realismo deixou de ter representantes num mercado dominado por esse romantismo vestido de realista., no qual os super-heróis dominam. Com o Mágico Vento, do roteirista Gianfranco Manfredi e inúmeros desenhistas, incluindo José Ortiz e Ivo Milazzo, também rola, ainda que de modo próprio, esse diálogo entre realismo e romantismo. Correndo o risco de me repetir, lembro de um caso que Manfredi contou, certa vez que esteve no Brasil. Estava fazendo uma aventura em que Mágico Vento conhece umas vagabundas. No roteiro, as tais mulheres estavam descritas como maltratadas, gastas, cheias de estrias, uma que outra desdentada. Cabe lembrar que MV é uma série sobrenatural sim, gótica, portanto romântica também,embora afinado com uma sensibilidade diferente da desse "leitor médio" americano a quem se destinam os super-seres. O seu velho oeste está construído de acordo com pesquisa histórica rigorosa, preocupada com índios e brancos, e que contrasta mas integra muito bem o sobrenatural.. Claro: a série é assim feita com uma visão realista, naturalista mesmo, do que foi o velho oeste dos EUA, em particular o confronto entre brancos e índios.Aonde, em que tipo de realismo(ou de romantismo?) vai levar? É interessante ficar sacando.  Bem, o desenhista do episódio, e o editor-chefe da Bonelli, o próprio Sergio Bonelli, avisaram Manfredi que as vagabas tinham que ser bonitas, senão as revistas não venderiam nada. Ou seja, para além da falsificação do real feita com as criaturas sobrenaturais, existe também a sua idealização. Falsificação mais sutil. Mulheres feias não interessam a ninguém. Certo, sem dúvida é um romantismo machista. Será que na Itália o público é principalmente masculino, também? É preciso , mesmo que não com a espetaculosidade americana, fazer alguma coisa continuar idealizando, mesmo que com certo pessimismo...Bem! Excelsior! Acho que continua logo!

terça-feira, 20 de abril de 2010

John Severin e o...realismo?

Já se passou quase Abril todo e mal consegui começar a conversa que venho preparando faz uns dias, sobre realismo nas hqs de aventura. Correndo o risco  de ser acusado de só postar imagens de gibis da Warren, começo afinal a conversa com uma imagem tirada de um gibi de guerra publicado por essa editora.Uma pg da época do alvorecer dos ditos gibis da Warren , ainda no início dos anos sessenta, na "Blazing Combat". Essa revista pouco depois de seu lançamento foi inviabilizada porque um general achou antimilitarista e proibiu sua venda nas mercearias do exércitop, o que a tirou do alcance de seu público pretendido... Foi uma época que siginificou a ressurreição das premissas, ao menos , dos gibis da saudosa EC. .A página que posto hoje abre uma hq escrita pelo grande Archie Goodwin e desenhada (nanquim e lápis, é bom que se diga, trabalho de exceção para os padrões norte-americanos já nesta época) pelo bacanão do John Severin. Este tremendo desenhista fez parte da turma dos gibis de guerra de Harvey Kurtzman na EC , e dos terror também. Notou que as premissas de Kurtzman e Elder estavam sendo retomadas por Goodwin , como editor da Warren. Logo , tornou-se um dos colaboradores mais assíduos não só da Blazing Combat, como da Creepy, da Eerie e da Vampirella. Ainda quando era arte finalista do Hulk, sobre lápis de Herb Trimpe, para a Marvel, não deixou de colaborar com as revistas citadas, mesmo depois da chegada dos espanhóis e filipinos, que desenhavam tão bem quanto os americanos, por um preço mais barato. Ninguém me tira da cabeça que o realismo conseguido por esses dois desenhistas sem medo de pesquisa vem de suas experiências na vida militar. Pois em hqs de guerra era visível seu esforço de verossimilhança, de desenhar as coisas como as viam. Se a hq tinha forças armadas, pode ter certeza: saía mais trabalhada. Quem quer que editasse o gibi do Hulk, fez bem em alistar Trimpe e Severin. O exército era um verdadeiro e constante personagem coadjuvante na série, não só o general Ross. E Severin detalhava tudinho! Sim, o Hulk dava (e ainda dá) trabalho. Por essa arte  Warreniana que postei hoje, dá para ver a atenção com que o desenhista se dedicava a seu trabalho, a superposição de tracejados com que construía seus volumes. Não há dúvida de que há, da sua parte, muita vontade de mostrar as coisas tal como as percebe, e assim um forte componente de realismo. No entanto, é difícil  apresentar seu trabalho como genuinamente realista. Por mais que ele mesmo achasse que era. No máximo, ouso dizer, há um quase-realismo inocente no seu traço, estabelecido sobre um conhecimento sólido de anatomia e das referências envolvidas por cima de corpos de heróis, o que é atributo romântico. isso sim. São  românticos,  sim, são os idealizadores das pessoas e da vida que procuram essa anatomia rigorosa em que o corpo humano sempre se apresenta em suas  melhores condições. Desenhistas mais realistas, pra ver mesmo, fazem pessoas mais gorduchas, narigudas, magricelas, dentuças (menos bonitas), sem que se trate de humorismo ou de caricatura. No entanto, a procura de vender muito trabalha na direção  heróica, e mesmo desenhistas da categoria de Russ Heath, do próprio Severin, de Joe Kubert , continuam trabalhando nela, é verdade que não de maneira tão declarada quanto Jack Kirby, John Buscema ou Carmine Infantino. Cabe até a gente comentar que na guerra o realismo fica mais relativizado pelo clima "Nós ou eles" que se apossa do ambiente numa guerra, mas o desafio, mesmo, e não só no nível dos desenhos, seria ver tais autores americanos fazendo hqs realistas que não se passassem na guerra... Evoé!!! Ah, e é claro que Frazetta é um romântico do cacete, ainda que com um astral um pouco mais trágico...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Realismo e quadrinhos

Vencá, é mió eu começar esse post logo, antes que o mês acabe... Abril começando tarrde! É que eu escrevo mais offlline, tenho sempre uns segredos fermentando na gaveta... assim, à s vezes demora pra  vir aqui comentar o que os outros conseguiram  e conseguem tornar público...outro dia, esteve aqui um amigo que sabe da minha predileção por quadrinhos de aventura, em detrimento do humor. Não que eu não goste de piada, mas sempre prefiro uma intriga bem elaborada, ainda que curta.  Se só tenho dinheiro pra um, é sempre o gibi mais bem desenhado e movimentado que trago pra casa, e este, com raras exceções, tem sido o gibi de aventura, com todos os seus subgêneros: guerra, terror, erotismo, aventura histórica, adaptação literária, FC, super-heróis e por aí vai, com todas as misturas também. Até aí estávamos bastante de acordo, mas o camarada resolveu falar do meu gosto exclusivista por realismo, que é, segundo ele o que se filtra , o que permanece, na hq de aventura assim amplamente definida como eu fiz. Eu retei. E ele quis enterrar a bola dizendo que aqui nesse blog só tem espaço o realismo.Que eu privilegio os gibis da Warren. Ora, isso é  confundir o conhecimento de anatomia, que é bom pra qualquer desenhista, com realismo. Além disso, por mais que de fato o trabalho que fiz com Poe, por exemplo, tenha me levado a usar muitos exemplos vindos de gibis da Warren, nada garante que eles sejam realistas. Ele disse "Claro que sim!"- ao que eu devolvo, indignado; cacilda, meu cumpade, será que, por exemplo, Frank Frazetta é realismo?!-Sim ! Continua, no próximo e emocionante episódio!! Evoé!

terça-feira, 30 de março de 2010

Vampiros e a FC



Este post de hoje já tô me devendo faz um tempo. Ando cada vez mais convencido de que há mais de um ponto de contato entre a literatura vampiresca e a FC. Não falo só das versões mais imediatamente contemporâneas como "Crepúsculo", mas também das que não relutam em apresentar vampiros como criaturas de fato assustadoras. Poderíamos começar essa exemplificação já desde " O Horla", o magistral conto de Guy de Maupassant, no qual o vampiro é algum tipo de alienígena que se alimenta das nossas energias vitais, no caso, do narrador. É bem atípico na apresentação de seu monstro, que nada tem de sedutor ou sequer de muito perceptível...É um daqueles textos que ficam com a gente durante um bom tempo, depóis que a gente lê! Pode ser encontrado, por exemplo, na excelente antologia organizada pela Martha Argel e pelo Humberto Neto, publicada pela Aleph, a mesma de "O Fim da Infância" do post anterior...a linha editorial deles anda de babar!! Saliento também que a mesma editora já lançou, em português, a excelente e imperdível História Alternativa "Anno Dracula", do Kim Newman, na qual diversos persoanegns clássicos da literatura vampírica se tornam dignitários do novo império britânico vampirizado quando Dracula toma o poder na Inglaterra vitoriana que corrói por dentro, num livro que vou reler, com certeza. No entanto, cabe sublinhar que, tanto do ponto de vista do bom divertimento como do da adequação ao meu tema de hoje, o diálogo entre vampirismo e FC, a Aleph não é a única a acertar. O belo livro da Martha Argel pela idea, "O Vampiro da Mata Atlântica" casa muito bem um clima aterrorizante com muita informação cientificamente precisa sobre a dita mata atlântica.Essa é uma demanda antiga de boa parte da FC; informar e discutir conhecimento. O que mais me seduziu no livro, contudo, foi o fato de que não dá qualquer explicação religiosa pra vampirismo, assim como o muito bacana livro da Suzy McKee Charnas, que estava pra ler faz tempo e afinal encarei. Esse traço de união entre os dois, a abordagem agnóstica, me agrada muito. Não há de ser deus nenhum o principal inimigo dos sanguessugas, no meu modo de ver, mas a revolta de seu "gado humano" contra esses predadores (opa! Sim, leia "Predadores", o ótimo quadrinho Vampírico francês de Marini e Dufaux, pela Devir) sem caráter, ou com pouquíssimo. Desconfio que MsKee Charnas teve mais tempo e um bom adiantamento pra escrever seu livro, o que faz (muita) diferença. Mas os dois fazem dialogar a concepção de natureza como força viva (não quadro estático, cenário) com a do vampíro como nosso "inimigo natural". Nos dois livros que estrelam o presente post, certas presas não se deixam caçar, e por mais que a Martha tenha menos tempo par caracterizar seu predador, ele é de arrepiar os cabelos, numa narrativa que nos agarra pelo gasganete e nos deixa, além de bem impressionados, mais informados, no final. Tal valor está mais forte no "Vampiro da MA" que no "Vampire tapestry", que constrói seus brilhantes personagens com mais calma e rigor... Esse negócio de vampiro com medo de cruz e paramentação religiosa, pra mim, nos nossos dias, não pode mais ser o mote. O grande inimigo do vampiro é a vida, ou o mundo, não deus nenhum. Vampiros, sim, viva, e também pra quem não crê numa rígida divisão "cósmica" entre bem e mal, mas no valor da sua própria curiosidade! Sim, eu recomendo com entusiasmo os dois livros!! A cultura vampiresca dos nossos dias precisa sair da barra da batina dos padres...Não que já não o tenha feito, mas esses livros o realizam muito, muito bem, e eu os curti bastante! Se não tivesse gostado do livro brasuca, diria à autora, que tenho privilégio de conhecer em pessoa! Abaixo toda e qualquer tentativa de transformar John Constatine bum sacristão "envenenado" feito carro antigo...Evoé! Consegui! Mais posts esse mês que no passado! Excvelsior!!!

domingo, 28 de março de 2010

O Fim da Infância


Alguns assuntos andaram se esbofeteando esses dias, incluindo hoje, para ver qual seria o próximo post. No entanto, logo notei que era muita notícia ruim. Tanto o falecimento do Glauco como o de Dick Giordano me entristeceram bastante, mas as pessoas mais qualificadas que eu, sobre os dois assuntos, já resolveram tudo. Ainda assim, haveria o que dizer acerca de cada um desses dois grandes nomes dos quadrinhos. Talvez depois; hoje tô precisando é de notícia boa. Então li no jornal que tá saindo "Childhood´s End", "O Fim da Infância" de Arthur C.Clarke, em nova tradução, pela Aleph. Se for do Fábio Fernandes ou alguém como ele, já está garantida a qualidade. Mesmo que mal traduzido, todavia, esse livro é dos que premiam quem os lê. FC da mais alta qualidade, é um divisor de águas na carreira do autor, tendo tornado seu nome, com toda justiça, muito mais conhecido do que era até então. Estou falando do ano de 1953, e Clarke já não era novato na FC. Só para dar uma idéia do impacto que o livro teve, Kubrick disse em entrevista que quis trabalhar com ele depois de ter lido a dita obra prima. Seu projeto inicial de colaboração era adaptar para o cinema, mas desistiu porque concluiu: os efeitos especiais da época não fariam justiça ao livro. Então preferiu criar uma história a partir de um conto do autor, e o chamou para colaborar. O resultado foi "2001", em 1968( O ano que pareceu mudar muita coisa). Hoje em dia os efeitos dariam conta do recado, mas o principal cineasta a trabalhar com FC é James Cameron, e infelizmente não Stanley Kubrick. De todo modo, o fato de que está saindo em Português chega a ser um serviço público, long overdue. Integra a especulação cientificamente verossímil com a profundidade filosófica de um Olaf Stapledon, sem a sua verbosidade. IMpressionante mesmo. Não, Clarke não escrevia tijolos, nessa fase da sua carreira. Muito mais poético que Asimov, também era mais sintético. Quer saber? levanta dessa cadeira e vai comprar o livro, caramba! Hoje em dia, algumas livrarias inteligentes têm sabido fornecer uma estante pra FC...por mim, devia ter na farmácia!!

sábado, 20 de março de 2010

Perpétuo e a briga de galo




Ontem, prometi a conclusão da hq que temos postado aqui, "A Macumba da Rua Uranos", acompanhada deuma sinopse completa de hq do Perpétuo...Bem, os interessados vão poder enfim comparar conto ("Perpétuo bem na hora") e essa sinopse hoje posta aqui, o começo do trabalho de uma hq que não chegou a ser desenhada nem sequer roteirizada, pelo que mjá se sabe acerca do Cabralk, que desenhou...Divirta-se! Volte sempre!

NOITE DE BALÃO E BRIGA DE GALO- Perpétuo investiga, faz tempo, uns bandidos que criam ou contrabandeiam galos de briga. Acha que há uma rede de apostadores que apreciam muito os combates em si, para os quais cobram entrada, assim ganhando em dobro. Tem conversado com algumas pessoas que viram pais de família perder tudo nesse tipo de aposta, incluindo os filhos. Consegue arrancar indícios usando um bêbado contumaz, o Arlindo, que ninguém suspeita ser informante, por achar difícil ele estar entendendo alguma coisa. Arlindo consegue ir numa das rinhas, em noite movimentada. Depois de se tornar freqüentador, leva o Perpétuo. Ele é reconhecido por um desafeto antigo, daquele tipo que o detetive lembra de ter prendido uma vez ou outra. Este o denuncia aos gerentes da operação, um cearense e um italiano mafioso. Este italiano é o sabe-tudo. Manda seus animais terríveis pra cima do cana solitário. A situação é sinistra, mas Perpétuo escapa, matando um dos galos. Um balão está subindo de outro lugar na mesma festa. Ele presta atenção, aproveita a luz enquanto foge para se lembrar bem da geografia. O tamanho e a desfaçatez da diversão dos safados implica suborno dos policiais da região. Perpétuo morre de raiva mas não pára de prestar atenção enquanto vai embora . O detetive sabe que desta vez o assunto é grande, e só um mega flagrante vai dar jeito. Vai ao delegado, e este o apóia , com sua influência junto à chefia. Perpétuo vai a todos os lugares, há quem tente tirar o corpo fora, mas as cicatrizes que os galos deixaram no detetive são eloqüentes. Acabam lhe dando condições de montar uma operação. Esta quase é sabotada pelo Arlindo, que, no dia da ação, ia contando tudo pro pessoal da rinha, mas o atento Perpétuo o surpreende ao telefone, e prende antes que fale. Vinha suspeitando porque Arlindo parecia muito sóbrio recentemente. Na noite em que acabam com o negócio e prendem todo mundo com um contingente digno de respeito, um dos canas que tiraram o corpo fora também vai preso, descoberto lá com a boca na botija, como um dos financiadores desse torpe mercado.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Perpétuo, o personagem



Perpétuo é um personagem sobrenatural, nesses casos que inventei para ele. Foi inspirado num famoso detetive que existiu,nos anos 50 e 60, creio. Mas só até certo ponto.Meu tratamento é o da homenagem criativa, contando um monte de invenções a partir de atitudes que se viu o camarada tomar, em vida. Mas, porém, contudo, todavia, quando a gente inventa um personagem, ainda mais se gosta dele, dali a pouco o danado sai andando, com suas própriazs pernas. Como muita gente, acho que uma polícia de fato profissionalizada precisa saber perguntar primeiro.Investigar. Saber quem prende. Com a ética pública que conhecemos, parece sobrenatural que alguém tenha conseguido trabalhar direito, ser um exemplo, sem ser sanguinário, em pleno Rio de janeiro capital do país (ou alguém acha que a violência é só de hoje em dia?).E Mias: Perpétuo fez isso trazendo uma melhoria de qualidade de vida pras comunidades que se livravam, com a ajuda da polícia, dos seus bandidos. Acho esse lado bacana de ser lembrado, e é boa base pra se criar caso. O resto é invenção, feita a partir das poucas coisas que na época consegui descobrir sobre esse policial de exceção, numa entrevista de Madame Satã pro Pasquim e num livro de nome "Barra Pesada", de Octavio Ribeiro, sobre o crime e a polícia no Rio de Janeiro, que saiu pela Editora Codecri faz décadas. Fiquei muito impressionado, e me inspirei nele para criar um personagem. Mas não fiz qualquer pesquisa sobre sua vida pessoal, nem tive a intenção de falar dela a sério. Era o policial trabalhando que me interessava pra valer, ainda que às vezes a gente brinque com a noção de "trabalho" e bote uma pimenta no molho.
Bem; noutros posts , discuti semelhanças entre sinopses e contos. Mas só postei um conto, deixando a comparação, para os interessados, incompleta. Pois bem, amanhã termina essa história toda, e pra comparar conto com sinopse, nós vamos ver "Perpétuo e a briga de galo", outra cascata danada que eu inventei! Acredito que serve para comparar direito os dois tipos de texto...evoé! Excelsior! Sim, amanhã, não mais que amanhã, acaba esta tremenda aventura em quadrinhos, " A Macumba da Rua Uranos!" Quem tiver a paciência de ler tudo eu acho que vai curtir, ainda que seja suspeito pra falar!

sábado, 13 de março de 2010

Simon Bisley, Richard Corben, Luis Cabral




Não tem jeito...frequência, aqui, é difícil!...Sigo mastigando minhas pe3drinhas!mas ao menos tenho conseguido pensar um pouco, por escrito, aqui nesse cantinho tão cheio de memória...acho que é isso, esse blog é meu canto privilegiado de memória gibízica!! Por enquanto, segue a hq do Perpétuo, escrita por mim e desenhada pelo grande Luis Cabral, que foi embora da festa bem mais cedo do que devia. A hq tem 16 pgs, nesse post seguem as pgs 11 e 12, o que indica: nos dois próximos ela acaba. Quem tiver paciência vai poder ler inteirinha, desde o começo, em "Se Richard Corben nascesse no Méier", ou algo assim, o primeiro post a incluir páginas de "A Macumba da Rua Uranos". Sou suspeito pra dizer, mas acredito que vale a pena! Agora, o que diabo faz o Simon Bisley, aqui? Bem, o tremendo desenhista inglês fazia parte do panteão do Cabral(não, cara recém chegado, as ilustrações não são Corben, são Lus Cabral!). Bisley disse, numa entrevista, que seu estilo é o fruto do encontro entre Bill Sienkiewicz e...Richard Corben! Quem conhece os estilos desses dois titãs do quadrinho norte-americano sabe que é uma idéia inusitada, mas bem serve para descrever o trabalho do Bisley...e também pra falar de sua dificuldade em contar histórias com clareza. Um pouco meio muito apaixonado pelo vigor do seu próprio traço...pra DC comics, por exemplo, tem realizado umas barrocas aventuras do LOBO, um casca grossa que ajudou a criar, junto com Keith Giffen, o roteirista. As despretensiosas hqs do bacana seguem anarquizando tudo com um traço bem superior do que os argumentos merecem. Também desenhou Judge Dredd, inclusive, com excelente arte-final, seu encontro com Batman.Apesar de tudo, não dá pra comparar nenhum texto de hq sua com as que o Corben tem feito, incluindo sua fase minimalista atual, com o Hellboy de Mike Mignola. Porque os desenhos ertam muito vibrantes, mas difíceis de entender. Ora, o que tem isso tudo a ver com o Cabral? Bem, ele teve uma fase em que desenhava de tudo, sem pensar muito no que era. Trabalhando com meu texto, pela primeira vez teve indicações mais precisas. Personagem forte tem conteúdo, não é só pretexto pras cenas de sopapo. Ele entendeu isso e deu um rosto bacana ao Perpétuo, sem nada a ver com detetive que existiu mesmo e tudo a ver com o personagem fictício que criamos juntos, o qual sem dúvida tem sua magia própria...Houve gente que leu a hq e disse: "pela primeira vez dá pra entender direito uma hq desenhada pelo Cabral!" Fiquei todo vaidoso de ouvir isso, é claro...Enfim, um pouquinho só de paciência que a hq acaba! Nos dois próximos posts, que vou me esforçar pra fazer LOGO, antes do fim do mês! Evoé! Excelsior! São Pedro Quer Rapadura!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ai,já é Março! Sobre argumento, sinopse, e conto



Eh, eh, eh... Eu tinha me prometido, depois dos posts sobre Poe, não fazer mais nenhum seriado comprido, durante bom tempo... Mas essa hq do Perpétuo demanda espaço! Além disso, traz à mente muitas das minhas conversas com o meu querido Luis Cabral! Porém, pode ser que o amigo leitor esteja chegando agora... Cumpre esclarecer! Os posts todos do corrente trem , desde "Se Richard Corben nascesse no Méier" estão ilutrados não por Corben, mas por seu grande aluno, e meu bom amigo, que não teve tempo de amadurecer, embora tivesse talento pelos ouvidos... Tô falando do grande, do impressionante Luis cabral, com quem cheguei a colaborar e a fazer planos para colaborar muito mais...essa hq que estou postando seriada, que vai Março adentro, é "A Macumba da Rua Uranos", e fui eu que escrevi. Espero que o leitor tenha a paciência de ler a dita aos pouquinhos, na velocidade que estou conseguindo postar, e não aprecie só os desenhos...Em homenagem ao Cabral e a nossos planos interrompidos, não só eu a estou postando inteira, como escrevi um conto inteiramente novo, "Perpétuo bem na hora", que pus no ar em duas vezes, esses dias. Ficou um pouco mais longo do que eu pretendia. É que um conto às vezes parece, mas não é um argumento.Precisou de m ais espaço que o previsto. Já um argumento é um momento inicial; uma história contada com o mínimo de recursos possível, uma anotação para que possa florescer depois em toda a sua pujança final, seja em hq, filme, conto ou peça de teatro. Ou até romance!! Esse é um dos assuntos sobre os quais conversei muito, com o Cabral, que dizia só querer saber se a história era boa. Para que o seja, meu querido, respondia eu, importa, e muitíssimo, a forma como é contada! Uma banalidade, como o sumiço de uma carta, pode dar um conto magistral!!! No caso, estou falando de "A Carta Roubada", sim, aquele do Poe, um dos três que escreveu protagonizados pelo grande C. Auguste Dupin, o primeiro mestre detetive da literatura, o que inaugura a tremenda galeria de tipos da literatura policial, de Sherlock Holmes a Philip Marlowe. Um conto é tão suporte final de uma narrativa quanto uma hq, ou filme ou qualquer das outras das quais falei. Então, por mais curto que seja, inclui as firulas todas que se usa para conseguir verossimilhança ou ao menos suspensão da descrença, esta que é cartão de embarque em qualquer narração, não só as fantásticas.Um arguimento traz a ordem de acontecimento dos fatos. O conto, ou hq, ou filme, que o diga tarantino, pode apresentar esses eventos numa outra ordem completamente diferente da exigida pela sua lógica interna... Ele é o "produto final" que o público vai encarar, ao contrário do argumento (e da sinopse, sua versão curta), que não passam, uhhm...de anotações iniciais!!! Um conto, por sua concisão, diversas vezes, não comporta redação de sinopse, mas estou convencido de que demanda compreensão claríssima, antes de tudo, da parte de quem escreve. Compreensão que às vezes só se conquista durante a carpintaria da redação, mas é indispensável. Um conto que o autor finalmente entendeu é um conto pronto. Enquanto me parece que a compreensão final de um argumento se dá na sua redação enquanto roteiro...ou seja, o argumento fica na cozinha, o conto na sala de visita! Isso tudo pode parecer meio óbvio, mas tem consequências muito fortes para o tratamento final da narração. Sou forçado a dizer que, embora essa reflexão pareça concluída, já que, nesse espaço daqui (assim tem sido) estamos discutindo primeiro quadrinhos, ela vai continuar na próxima sessão sim, pois há sérias consequências (visuais, sim , mas tanto quanto dizer o que se vê é narrar) para os trabalhos criativos que se pode desenvolver...Esxcelsior! Tentarei voltar amanhã! Tente você também ! Abração do -patati! ( o entusiasta)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Perpétuo bem na hora- Parte 2



E aí, é isso, um episódio logo depois do outro! Quem quiser saber o fim do conto que dá título ao post de ontem e ao de hoje, pode vê-lo aqui! Quem quiser prosseguir lendo a hq ganhou mais duas páginas pra se divertir! Eu sinceramente espero que o distinto leitor se divirta muito, nos dois departamentos! Persistir leva a bons resultados! E, agora, sem mais, vocês já podem soltar o fôlego, vem aí...

PERPÉTUO BEM NA HORA- Segunda parte
Alguns minutos depois, tão brusco quanto mais cedo, Valdemar se levantou. Seu gesto acordou Perpétuo, que estranhou muito ter dormido, feito um amador. Ele e os outros riram da situação, antes de notar o sumiço de Valdemar. Perpétuo, com um palavrão, colocou o paletó e saiu porta afora. Sabia aonde ir, ao contrário dos outros espantados. Quando chegou no canal de TV, agora no seu próprio carro, notou o da polícia estacionado logo à frente. Estava ao lado de uma porta aberta, na calçada das entradas dos técnicos. O vigia adormecido ao lado dela, as pernas estendidas, encarapitado numa cadeira da qual não caía por milagre. Sono pesado como o seu e o dos colegas. Perpétuo prosseguiu pelos corredores escuros, atrás do Valdemar. Conseguiu chegar a tempo de vê-lo ainda numa dobra do corredor se alongando. Havia gente trabalhando ali, embora menos que durante o dia. Conseguiu se orientar. Chegou à porta aberta da ampla sala que seu colega havia inesperadamente descoberto, mais cedo. E pela qual acabava de entrar, de novo.
Perpétuo foi atrás e estacou. Não houve jeito. A cena o surpreendeu. O amplo espaço não era mais um estúdio fechado, e sim uma muito freqüentada sala de roleta. Nela, pontificava uma das ditas, majestosa, cercada de jogadores entusiasmados. Ladeada de duas mesas de pôquer, o que tornava tudo movimentado. Perpétuo achou que era um cassino clandestino. Mas não havia nada de discreto no lugar, nem nas pessoas. Embora ninguém estivesse na última moda. Olhou com mais atenção, e viu que o lugar todo tinha jeito antigo. Coisa de vinte anos antes. Chegou perto da mesa. Valdemar estava sentado lá, aclimatado como se tivesse chegado horas, e não meros minutos antes. Sua expressão facial inédita. Quando Perpétuo esticou os olhos pelo corredor atrás de si, entendeu que havia mistério em ação. Pois no corredor estava muito mais gente, circulando a caminho dos outros ambientes de jogo do vasto cassino.
Perpétuo se deixou ficar na área, espantado. De olho no colega transtornado. Já tinha trabalhado algumas vezes com Valdemar. Ele não era assim. Viu que não estava bem. Acompanhava, febril, a roleta. Suava frio. Entre uma mão e outra, recolheu suas pedras, que não eram poucas, mas estavam reduzidas a menos da metade. Entendera alguma coisa. Quis parar de jogar. Levou as fichas para o caixa, na salinha envidraçada, para recolher o que sobrava de seu dinheiro. Com toda a educação e gentileza, tentaram convencê-lo a voltar para a roleta. Não conseguiram nada. Ele suava frio. Exigiu seu dinheiro. Os camaradas fingiram se render, deixaram que enchesse os bolsos. As cuecas. As meias. Ele se soprava todo. Perpétuo notou que Valdemar não estava nem um pouco parecido consigo mesmo. Já o vira alarmado muitas vezes. Tinha até visto maravilhado, na perspectiva de ganhar muito dinheiro de uma vez só. Foi quando o cavalo em que apostou quase ganhou a corrida. Perpétuo sorriu ao lembrar. Então viu o colega apressado, na direção da saída. Ficou parado com o susto. Estava muito mudado. Não podia ser o Valdemar. Foi atrás. Havia umas inesperadas obras no cassino (anunciadas por cavaletes e escadas no caminho), que os fizeram seguir por caminhos mais discretos. Lá na frente, esperavam-nos. Já surpreendeu tremenda altercação entre Valdemar e os leões de chácara. Deram-lhe uns tabefes, ele bateu na parede e caiu no chão. Começaram a depená-lo. Ainda ensaiou reação. Tiraram uma arma do bolso e a encostaram no seu nariz. Valdemar chorou alto, perderam a paciência.
Perpétuo até ali paralisado, sem entender como. Uma força maior queria que ele visse. E agisse de acordo? Mas estava claro: aquilo tudo já tinha acontecido. Até a densidade das pessoas estava diferente. Mas Perpétuo investiu. Um dos leões de chácara tinha um jeito mais carnal, parecido com o dele e o de Valdemar. Viu, pela densidade de sua presença, que ainda estava ali, corporalmente, bem mais velho, claro, e ainda como segurança. De lugar bem mais calmo, um canal de TV, afinal. Estava possuído pela cena do cassino também, revivendo sua juventude.
Levou um pé na cara, da parte do Perpétuo, bem na hora, antes de dar seu tiro por baixo do nariz de Valdemar, agora com os olhos muito arregalados. O camarada tomou mais alguns prontos sopapos de Perpétuo, enquanto Valdemar, aos poucos, e só agora, voltava a si. Não lembrava de nada. Perpétuo, enquanto os três tomavam caminho pelos corredores da emissora, não deixou que o segurança notasse. Mas o homem, mais que um pouco surpreso, estava apavorado. Não sabia como tinha provocado a polícia, e logo o Perpétuo. Demoraram um pouquinho mais a encontrar o caminho da saída. Estava muito mais velho, pensou melhor do que teria feito na juventude. Deu a Perpétuo todas as dicas para achar quem, ainda hoje, à sombra das glórias passadas, mantém cassino clandestino e precisa de segurança decidido. Depois foi solto, bastante surpreso, com alguns dentes a menos e muitas dores a mais, além de desempregado. Deixou os telefones com Perpétuo. Nunca entendeu que não poderia ser acusado de nada, por aqueles dois curiosos canas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Perpétuo bem na hora- parte 1



Afinal, continuo a postar " A Macumba da Rua Uranos", hq com o Perpétuo (veja posts anteriores nesse planejado mês de Fevereiro), a qual permanece inédita até hoje. Tinha prometido que haveria contos também, nesse blog. Mas até hoje estava sem concretizar a promessa, assuntos variados no caminho, Poe que o diga. Como parte da homenagem que estou fazendo ao Perpétuo e ao Cabral (Ver "Se Richard Corben nascesse no Méier"), escrevi um conto novinho estrelando personagem, que vai publicado no post de hoje e no próximo (ficou maior do que eu esperava). Caso algupém queira saber como o Perpétuo cavou o espaço pra ter as atitudes estranhas que o leitor vai ver, é só ler até o final " A Macumba da Rua Uranos", a hq que tá bem mais lenta pra ser postada que "Perpétuo bem na hora" levou pra ser escrito... Bem, ao vencedor, as batatas!! O conto vem AGORA!



PERPÉTUO BEM NA HORA –por Patati
Perpétuo cruzou as pernas e se abanou. O calor cozinhava. A tarde calma. Até a bandidagem se sentia no forno,e ficou quieta. Cores fulgurantes no céu desenhavam crepúsculo grandioso. O detetive sabia, contudo, que a noite pode começar muito bonita, mas terminar de cada maneira feia, mesmo! Os orixás não o tinham chamado à toa. Nisso, abriu a porta Valdemar, seu colega, atarantado, o cabelo já despenteado, e os olhos esgazeados:
- Cacilda!
- O que foi, amigo?
- É hoje!
- O quê?
- Hoje à noite!
- Tá doido? O que é que vai acontecer, hoje à noite, home de deus?
- Ele volta !!
Antes que seu colega conseguisse reagir, Valdemar saiu porta afora acelerado. Perpétuo coçou a cabeça, intrigado, e foi atrás. O calor deixa todo mundo meio doido, mas nunca o tinha visto assim. Terminava de anoitecer quando saíram da delegacia. Valdemar entrou no carro. Já estava escuro. Perpétuo andando rápido, sem perdê-lo de vista. Embarcou também. Nem puxou conversa. Valdemar acelerou para a Urca. Suando frio. Perpétuo espiando o outro com o rabo do olho. Chegaram. Perpétuo quis perguntar alguma coisa, enquanto estacionavam. O outro nem deu atenção. Saltou do carro e seguiu caminho. Foi direto a uma entrada de serviço da emissora de televisão. Parecia bem à vontade.
A entrada da emissora era atravessada pela avenida. De um lado da calçada, a entrada principal. Um pouco mais suntuosa do que seria, se o prédio tivesse sido feito para a emissora. Na outra calçada, mais rente ao muro, sem degraus e recepcionista, várias portinhas levavam a áreas técnicas e a uma garagem cuja saída principal dava para a rua de trás. Perpétuo já estivera ali antes. Sabia que o lugar não era fácil de se transitar. Valdemar entrou por uma das portinhas de serviço técnico. Decidido. Perpétuo atrás, em ordem diferente da costumeira, isto é, ele na frente, sabendo muito bem o que fazia. Agora, na frente ia seu colega atarantado, ele ali para que não fizesse besteira. Sua boa situação atual, dentro da força, não havia tirado sua disposição de trabalhar. Valdemar não estava passando bem. Isso, contudo, não o impediu de sair quase atropelando elenco e técnicos, pelos longos e estreitos corredores. Perpétuo cada vez mais intrigado. Valdemar nunca havia dito nada sobre aquele lugar difícil, mas a desenvoltura com que estava avançando mostrava familiaridade. Como Perpétuo era conhecido e querido cidade afora, salvou o couro de muita gente, circulou fácil ali dentro, com Valdemar; surpreendia as pessoas, mas tudo o que faziam era sair do caminho.
Pararam na frente de uma porta estreita. Esta fez uns barulhos curiosos, quando Valdemar a forçou e atravessou. Perpétuo não teve tempo de pensar nisso. Os dois entraram num estúdio, ou no que lembrava um. Estavam no seu amplo recinto principal. Havia, a um canto, um lugarejo envidraçado, por onde, com um conjunto de monitores, o diretor e seus ajudantes acompanhariam a ação e os atores, se o lugar estivesse em uso. Perpétuo foi lá olhar, mas só encontrou entulho. Os dois ambientes, empoeirados e cheios de teias de aranha. Perpétuo perdeu Valdemar de vista por alguns segundos. Não havia luz alguma ali, a escuridão era quase completa.
Os dois haviam encontrado mais um canto esquecido, naquele verdadeiro labirinto. Quando os curiosos e surpresos começaram a se acercar, Valdemar voltava a si, estranhando aquele buraco inesperado onde se metera. Perpétuo tinha lhe dado umas sacudidas, que o acordaram. Depois perguntaria que diabo os tinha trazido até ali. Agora era hora de ir embora, não deviam abusar da hospitalidade. O detetive caçou seu amigo pelo braço e o levou dali, enquanto a segurança do canal, embaraçada, informava a direção do andar que havia encontrado mais uma sala inesperada, num corredor dos fundos.
Valdemar não disse nada, enquanto Perpétuo lhe perguntava se estava ficando doido. Exigiu do colega que fosse ao médico. Não podia sair daquele jeito de dentro da delegacia, sem nem dizer nada. O outro não sabia onde enfiar a cara, e se desfez em agradecimentos a Perpétuo. Já era noite fechada quando chegaram na delegacia. Estavam trabalhando no caso de uma fuga espetacular, de um presídio. Através de um túnel cavado com cuidado durante muito tempo. Precisavam estudar a situação, e separaram umas horas para isso. Caíram no trabalho.
Apesar do excelente café que tomaram, Perpétuo, Valdemar, Cristiano e outros que se juntaram a eles na dura tarefa de descobrir quem liderou a fuga, por volta de meia noite, dormiram. As fichas dos bandidos caídas no chão e na mesa.
-HEH!!HEH! HEH! Continua, e conclui, no próximo e emocxionante post! Tenha paciência, amigo!! Evoé!!- e depois, se teve a paciência de ler o conto( e, em tempo, a hq), comente!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Perpétuo



Já um pouco depois do que eu pretendia, eis-me aqui de novo, afinal! Prossegue agora, nessa hora, a postagem da única hq inédita do Perpétuo, "A Macumba da Rua Uranos", que começou na última vez que estive aqui. Foi escrita por mim, desenhada pelo brilhante Luiz Cabral, de quem falei no post anterior. O Corben do Méier. Deixei o post de agora pro Perpétuo, o protagonista da hq. Essa que está começando agora é a famosa "origin story", em que as premissas da (suposta) série estão apresentadas ao leitor. Pode começar parecendo muito cotidiano demais, mas prometo que algumas coisas bem sobrenaturais vão acontecer. Olhando essas páginas já com certa distância no tempo, vejo que hoje o Cabral faria hoje, de outro modo, as cores . É pena (ainda?) não ter continuado a série. Só saiu o episódio preparatório, na Caô número 1,(natimorta revista, infelizmente) para dar um gostinho do que o personagem podia ser. Ia ser a hq fixando o clima da série e estabelecendo com firmeza seu horizonte sobrenatural. Tenho um monte de episódios posteriores tramados... O personagem, contudo, é baseado num sujeito que existiu mesmo, e hoje tá esquecido, o homônimo detetive Perpétuo, que naturalmente não levou uma vida sobrenatural. Contemporâneo do Milton Le Coq e seus apaniguados, que foram o embrião daquilo que nos Anos 70 se chamou de "Esquadrão da Morte", Perpétuo diferia. Diferia porque, inteligente como era, investigava, antes de sentar a mão. A experiência brasileira, na maioria dos casos, não é essa. Lembra mais o que fazia Le Coq, atirar primeiro e perguntar depois. O caso dele era extremo, o que fez com que tivesse a fama que na sua época teve, fama sinistra e que originou muita porcaria policial, muita matança impune. Perpétuo, por outro lado, deixava escapar certos bandidos e seguia a písta que os ditos deixavam. Transformava outros em informantes. Dialogava com a opinião pública mostrando a cara. Fazia trabalho de polícia. Pra mim, dada a situação que hoje rola, Brasil afora, é um caso sobrenatural. Foi com isso em mente que resolvi enfiar uns fantasmas e entes sobrenaturais, logo duma vez, no caminho desse cana bacana. Desgraça pouca é bobagem. Infelizmente, sobrevive muito pouco impresso sobre ele, pesquisar é complicado. Achei pouco mais que o livro do Pena Branca e o depoimento de Madame Satã ao Pasquim. Ainda assim, a partir de alguns poucos e bons dados, e de algumas hipóteses alucinadas como gosto de inventar, existem histórias planejadas. Nenhum romance, contudo vários e interligados contos. Esse que eu tô co0meçando a postar é o famoso segundo episódio que vale por um primeirão, apresenta direitinho. Convido os amigos a lerem, esses dias exploro mais assuntos correlatos ao Perpétuo, assim o pobre fantasma pára de me assombrar. Evoé! Volte sempre! Garanto que vale a pena, leia essas primeiras quatro pgs que postei até o momento, só faltam doze! Sim, eu sei que esse blog não se alimenta direto de novidades, quem só quiser novidade vai ter que procurar noutro canto. Mas, como eu prometi alguns eons atrás, quem gosta de coisas bacanas aqui encontra o que ler(e ver!)! Evoé! Ah, sim, peço desculpa pelos probleminhas de letreiramento na hq...a revista não chegou na revisão...Bom! De novo! Excelsior! Make mine Marvel!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Se Richard Corben nascesse no Méier



Se o grande Richard Corben tivesse nascido no Méier, talvez desenvolvesse uma noção mais acabada de cada personagem. As fisionomias teriam mais individualidade. As mulheres teriam mais cintura e coxas. Os homens não seriam tão musculosos e teriam alguma coisa, um detalhe ao menos, mais sinuoso. Não estou com isso falando mal de um gigante dos quadrinhos, mas o caso é que, no seu país de origem, Corben permanece inimitável e inimitado. Por mais que se critique a falta de cadeiras nas suas mulheres, afinal de contas, ninguém nega o caráter quase tridimensional de qualquer desenho que faça, o seu quase sobrenatural senso de volume, que já esteve presente aqui nesse blog quando falei de sua adaptação de "O Corvo", de Poe, pra hq. O homem está trabalhando há anos, seu nome é uma garantia de qualidade, e poucos ousam trilhar seus passos. Tive o grande privilégio de conhecer alguém que ousou, e era nascido no Méier, esse tradicional bairro da ZN carioca. Chamava-se Luis Cabral,era talentosíssimo, e sua paixão por Corben se alimentava, entre outras, da sua paixão por Breccia. Claro que tínhamos muito o que conversar, e o fizemos!! Realizamos algumas hqs juntos, mas muito, muito menos do que chegamos a planejar, antes que o chamassem para o andar de cima, a meu ver, bem antes da hora. Mas sempre é antes da hora pra todo mundo, né? Embora ainda doa muito ter visto esse meu ótimo amigo, tremendo parceiro de criação, autodidata completo, desaparecer. E era um garoto!! A hq que estou começando a postar hoje tem dezesseis páginas e vai virar seriado aqui, como a do Nonô o foi, só que mais comprida. Ele a fez aos vinte e muitos... O traço remete de imediato ao Corben, o que não é pouco! Mas basta comparar para ver que Cabral estava amadurecendo a seu próprio modo...na guerra do autodidata de talento!!! O rosto do Perpétuo, o jeito da advogada, são coisas que escapariam ao Corben ge-RAL, vindas como vieram da observação dos outros seres humanos... Não há dúvida, meu amigo não olhava só o trabalho dos outros, mas primeiro as pessoas em torno!!! Cabe mencionar que conquistou essas competências de desenho todas ainda em criança... Seu trabalho era de qualidade (ou eu pelo menos acho), mas rápido! Cheguei a ver alguns óleos seus feitos aí pelos dezoito anos...depois ele falou que o desafio seguinte foi conseguir, no computador, resultados comparáveis! Bem, convido aos amigos pra lerem esse produto inédito da nossa colaboração...quase um Corben, um excêntrico Corben, sem aerógrafo! Essa é a homenagem, ainda que tardia, que lhe posso fazer! Quem tiver paciência de acompanhar, eu prometo, vai encontrar uma hq pelo menos interessante...Evoé!! Excelsior! Toda essa espécie de coisa!! Ah, sim... Cometi um errinho... A primeira pg está logo abixo da primeira. Então, se tiver paciência,clique e leia primeiro a de baixo!!!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Kaori- o romance


Ah! Eu queria estar sendo capaz de uma maior periodicidade aqui nesse canto, mas até as velocidades da minha vida pacata às vezes se revoltam, e fazer o que é fácil torna-se bem mais dificil...Bem! O que interessa aqui é o novo livro da Giulia Moon, "Kaori", épico romance vampiresco envolvendo o Japão medieval e a SP de nossos dias...Não é novidade nenhuma que há um grupo de escritores brasileiros trabalhando o tema dos vampiros não é de hoje, bem antes dessa Stephanie Meyer do "Crepúsculo", que foi feito pra virar filme, tá na cara. A inflexão dessa autora norte-americana é muito pop; a dos autores brasucas, incluída a Giulia, me parece mais literária e menos interessada em agradar adolescentes, embora, como todo mundo, não tenha nada contra sua(s) leitura(s). "Kaori", que saiu pela Giz Editorial, é mais ambicioso que a maioria dos outros livros brasileiros do ramo, contudo, só por ser o mais longo, ou um dos mais longos. Os vampiros do romance, como em toda essa literatura contemporânea, não são o Mal Absoluto nem o Bem. Vivemos, afinal, um inédito relativismo sanguessuga... A ambiguidade impera, ainda que certos personagens sejam mais simpáticos que outros. Como todo mundo, têm seus lados mais palatáveis que outros, mesmo que haja canalhas mais canalhas que seus vizinhos, gente que foi mordida à força e gente que o quis ser. O conflito de interesses atravessa séculos, e Giulia soube pesquisar, fazendo da trajetória de alguns vampiros o fio condutor de uma verdadeira "história oculta" se esgueirando por trás daquilo que se sabe. O livro prende a atenção, atrai simpatia, discute algumas idéias (não se trata de privilégio da Ficção Científica ou qualquer gênero literário), emociona, assusta e faz pensar. Só lamentei que o tema específico da imigração para o Brasil não ficou mais detalhado. Sabemos que antigas forças que estavam presentes no Japão medieval também estão no Brasil. Não há nada de atípico nisso; mas por exemplo, porque esses vampiros não foram parar nos USA, também? Como será a experiência dum vampiro gaijin, ou decasssegui? A vinda pro Brasil poderia fazer parte mais integrante da trama... Esses senões (senões?) não atrapalham em nada o desenvolver dos acontecimentos, ou o prazer da leitura. Talvez não passem de preciosismo da minha parte. Mas aí, eu teria que ter escrito o livro, o que não é o caso! A aventura, os sustos, os personagens interessantes, o jogo de sedução e poder, afinal, estão todos lá, e muito bem realizados! É isso que imnporta, não? Excelsior! (sim, esses dias estou me armando pra escrever aqui com mais frequência... Evoé!!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Filmes completos!


Sim! Aconteceu! Sophia está montando quebra-cabeças mais complicados! Pela primeira vez na vida dela, outro dia , viu um longa-metragem inteiro, acompanhando e perguntando tudo! Entendeu à moda dela, como todos nós, só quer naturalemnte simplificou um pouco... Claro: era um filmaço, mas a gente não esperava esse efeito! Dias depois, a coisa se repetiu, com outro grande filme! A paciência dela está crescendo! Acho que ela está se co0ncentrando mais. Agora sua atenção demora mais num assunto só... empatia dela com o protagonista e as crianças do primeiro filme foi grande... Ao acabar , não estranhei que ela quisesse "ir lá", visitar a casa do..ET!! Sim, pois não foi outro o primeiro filme que ela viu até o final...E eu também consegui acompanhar, apesar do sono que tem me acometido desde o começo da noite!!Foi muito legtal de ver como ela se amarrou no filme de Spielberg!! Claro, ficou bem assustada com diversas das cenas,e situações, mas como no fim das contas tudo se resolveu a contento, e as crianças conseguiram ajudar quem queriam, deu certo. Tanto que tive que explicar que não temos um foguete que chegue lá na "casa do ET" Foguete não, nave! Ela me corrigia! Sua alegria foi legal de ver!!...Pois o segundo filme que vimos inteiro espantou ainda mais. Não tem o ritmo de qualquer um dos de Spielberg, não é um desenho animado muito colorido, nem é sucinto como os Backyardigans ou a Pinky Dinky Doo (acho que é assim que se escreve).Sim, outro desafio à sua aflorante atenção... Muito legal vermos juntos o"Mon Oncle"("Meu tio", do Jacques Tati), com sua vida excêntrica, seu sutil inconformismo, sua meticulosa composição de quadro e sua surpreendente cenografia! Isso, além de todas as outras coisas, os meninos comendo cada sonho "deste tamanho", a garden-party na casa da irmã do M.Hulot, a vizinha convidada mas confundida com vendedora de tapetes, e o chafariz só para pessoas selecionadas, fascinaram-na!!. Filme feito numa época em que ritmo cionematográfico podia ser e era pensado de forma muito mais calma que hoje em dia, impressiona pelas imagens singulares, rigorosas, que cria, além das situações. Quando na fábrica as mangueiras começam a parecer salsichas, e M. Hulot não consegue se adaptar àquele ambiente, contudo, ela reclamou! A mangueira tinha que se comportar direito, afinal de contas. Sophia ficou bem preocupada com essa parte do filme. Perguntou o motivo daquilo por um bom tempo! O que reafirma: as nossas compreensões das coisas são distintas das dela! O que nos intriga ela ainda percebe pouco, e certas coisas que parecem "dadas" viram motivo de uma pergunta atrás da outra... Pra Sophia, é importante, afinal, que o mundo funcione direito! As mangueiras não tinham nada que virar salsichas, por mais que isso tenha sido engraçado! Também o problema do chafariz no jardim da irmã de M.Hulot a surpreendeu. Ou seja,Sophia viu o filme de modo bem diferente dos nossos , como era de se esperar. Ficamos todos contentes, claro, quando ele se viu fora daquele ambiente na casa da mana, por mais que a senhora que morria de rir fosse contagiante. Uma coisa eu asseguro, contudo: ninguém saiu da frente da tela antes do fim do filme! A história a interessou direto, claro que graças às belíssimas soluções de Tati para tornar seu filme atraente sem ser uma montanha russa... Bem! Excelsior! Da próxima vez vamos comentar pelo menos um dos livros nas nossas mesas... Isso aqui há de se tornar mais frequente!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Star Tek na TV-contém spoilers


Acho que spoiler sobre filme que todo mundo já viu a gente pode fazer, né não? De todo modo, fica o aviso: esse texto pode estragar a sua surpresa ao ver o bom filme de J.J.Abrams. Sim, o que quero comentar é esse recente. É porque a gente viu aquincasa, e eu de bobeira comecei a ver com a Sophia do meu lado. Quando os romulanos começaram a botar as manguinhas de fora, ela já não gostou. Eu dizia que a situação podia parecer feia, mas ia melhorar porque o Capitão Kirk e o sr. Spock iam dar um jeito. Bastava que parassem de discutir e conseguissem dialogar. E ela assistindo, com pequenos intervalos, mas nunca por muito tempo. Ainda é cedo pra isso. Além disso, toda vez que tinha alguém em perigo, ficava bem assustada. E então os romulanos destruíram o planeta Vulcano!! O mesmo Vulcano de onde vem o Sr. Spock, que originou outros personagens da série, ao qual Kirk foi recebido no fim do primeiro filme da série de longas, se não me engano, enfim...!! E foi desfeito! Durante um tempinho, ainda, achei que eles iam reverter isso. Não foi o que aconteceu, todavia. Spock e Kirk conseguiram impedir que os romulanos repetissem a façanha, e pagassem por suas atitudes. Mas Vulcano ficou destruído, mesmo. Eu tive esperança porque, afinal de contas, a saga envolve viagem no tempo, de maneira, aliás, muito bem pensada. O filme redefine a marca "Star Trek". Temos uma juventude dos personagens por conhecer, o começo de sua jornada. Sob condições bem mais severas... Ainda bem que, quando o filme acabou, Sophia já tinha sido levada pra fora da sala! Achei o dito ótimo, mas minha indignação com o fim de Vulcano ecoa o medo que ela sentiu, vendo o sumiço do pobre planeta enquanto eu garantia que aquilo ia ser resolvido, de algum modo...