domingo, 8 de agosto de 2010

Retomada Johnson: Oceano!!



Chega de silêncio! Chega de silêncio! Já fiquei quieto tempo demais! Retomada Johnson, ao ataque!! Tenho, desde que comecei a escrever aqui, cometido umas ausências, mas essa foi a mais longa de todas. Não vai continuar!! Textos fora, que fico esculpindo aos poucos, não deviam me afastar daqui tanto assim. O que é pra ser fruído logo depois de escrito também tem seu valor. Além do mais, porque eu, pelo menos, aprecio os trens em que tenho embarcado, até aqui,  O mote que  continua em pauta, apesar da data que faz que não volto aqui, é a discussão do realismo e do romantismo em quadrinhos de aventura. Existem muitas variantes possíveis, e o exemplo de hoje, a excelente hq "Oceano" de Warren Ellis (roteiro), Chris Sprouse (desenhos) e Karl Story (cores), mostra isso muito bem. É de um realismo interessante essa hq. Num contexto de FC, ou seja, apesar do absurdo das características da situação, e da sua solução, o parente mais próximo é a hard sf, a que leva em conta a verossimilhança da tecnologia. A que discute as transformações da vida a partir de hipóteses claras, muito inteligentemente alinhavadas, subsumidas ao texto de modo a se integrarem, à narração com algumas falas e diálogos escritas de modo bastante preciso. De maneira igualmente precisa, a arte não mostra nada que não se integre ao todo, e com o mínimo de elementos possíveis. A hq não glorifica uma beleza que se imporia a nossos olhos, dizem os autores, já desde as menores informações. Mesmo a beleza das cores do gibi não glorifica o que narra, num curioso encontro da sensibilidade de um Arthur C. Clarke com a de um H. P. Lovecraft.  Medo e sense of wonder de mãos dadas!! No que escrevo, aspiro a isso, portanto sei que é difícil e que o uso de qualquer tempero fora da proporção escangalha a refeição! Hoje em dia, com a inflação de informação que rola em nossos quintais, sabemos que citar não deve ser feito de graça, e sim com propósito, senão a história vira catálogo. Apresso-me, assim, a garantir que Ellis também nesse departamento se mantém conciso e discreto. Outro diferencial de "Oceano" é seu ritmo narrativo muito bem trabalhado, em que a sucessão dos acontecimentos joga muito bem com seu ritmo e sua sucessão. Só acho que cada página merecia mais quadros. Esse negócio de lotar de quadros horizontais aproxima demais de um storyboard de luxo. Creio que se pode  ser realista de maneiras mais ricas, mas  esse gibi já é diferente dos outros gibis industriais dos quais é derivação, os de super-heróis. Como um gibi Vertigo, voltado para a FC e não pro fantástico, leva sua sensibilidade mais amadurecida para o visual também. Só de não encontrar estudos glorificados de anatomias atléticas a cada quadro, já acho o máximo. As pessoas parecem mais...pessoas, e as coisas tremendas que lhes acontecem me interessam mais e melhor que a inflação de impossibilidades típicas de um super-herói!! Enfim...continua, sim, no próximo e emocionante episódio!!

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