terça-feira, 20 de abril de 2010

John Severin e o...realismo?

Já se passou quase Abril todo e mal consegui começar a conversa que venho preparando faz uns dias, sobre realismo nas hqs de aventura. Correndo o risco  de ser acusado de só postar imagens de gibis da Warren, começo afinal a conversa com uma imagem tirada de um gibi de guerra publicado por essa editora.Uma pg da época do alvorecer dos ditos gibis da Warren , ainda no início dos anos sessenta, na "Blazing Combat". Essa revista pouco depois de seu lançamento foi inviabilizada porque um general achou antimilitarista e proibiu sua venda nas mercearias do exércitop, o que a tirou do alcance de seu público pretendido... Foi uma época que siginificou a ressurreição das premissas, ao menos , dos gibis da saudosa EC. .A página que posto hoje abre uma hq escrita pelo grande Archie Goodwin e desenhada (nanquim e lápis, é bom que se diga, trabalho de exceção para os padrões norte-americanos já nesta época) pelo bacanão do John Severin. Este tremendo desenhista fez parte da turma dos gibis de guerra de Harvey Kurtzman na EC , e dos terror também. Notou que as premissas de Kurtzman e Elder estavam sendo retomadas por Goodwin , como editor da Warren. Logo , tornou-se um dos colaboradores mais assíduos não só da Blazing Combat, como da Creepy, da Eerie e da Vampirella. Ainda quando era arte finalista do Hulk, sobre lápis de Herb Trimpe, para a Marvel, não deixou de colaborar com as revistas citadas, mesmo depois da chegada dos espanhóis e filipinos, que desenhavam tão bem quanto os americanos, por um preço mais barato. Ninguém me tira da cabeça que o realismo conseguido por esses dois desenhistas sem medo de pesquisa vem de suas experiências na vida militar. Pois em hqs de guerra era visível seu esforço de verossimilhança, de desenhar as coisas como as viam. Se a hq tinha forças armadas, pode ter certeza: saía mais trabalhada. Quem quer que editasse o gibi do Hulk, fez bem em alistar Trimpe e Severin. O exército era um verdadeiro e constante personagem coadjuvante na série, não só o general Ross. E Severin detalhava tudinho! Sim, o Hulk dava (e ainda dá) trabalho. Por essa arte  Warreniana que postei hoje, dá para ver a atenção com que o desenhista se dedicava a seu trabalho, a superposição de tracejados com que construía seus volumes. Não há dúvida de que há, da sua parte, muita vontade de mostrar as coisas tal como as percebe, e assim um forte componente de realismo. No entanto, é difícil  apresentar seu trabalho como genuinamente realista. Por mais que ele mesmo achasse que era. No máximo, ouso dizer, há um quase-realismo inocente no seu traço, estabelecido sobre um conhecimento sólido de anatomia e das referências envolvidas por cima de corpos de heróis, o que é atributo romântico. isso sim. São  românticos,  sim, são os idealizadores das pessoas e da vida que procuram essa anatomia rigorosa em que o corpo humano sempre se apresenta em suas  melhores condições. Desenhistas mais realistas, pra ver mesmo, fazem pessoas mais gorduchas, narigudas, magricelas, dentuças (menos bonitas), sem que se trate de humorismo ou de caricatura. No entanto, a procura de vender muito trabalha na direção  heróica, e mesmo desenhistas da categoria de Russ Heath, do próprio Severin, de Joe Kubert , continuam trabalhando nela, é verdade que não de maneira tão declarada quanto Jack Kirby, John Buscema ou Carmine Infantino. Cabe até a gente comentar que na guerra o realismo fica mais relativizado pelo clima "Nós ou eles" que se apossa do ambiente numa guerra, mas o desafio, mesmo, e não só no nível dos desenhos, seria ver tais autores americanos fazendo hqs realistas que não se passassem na guerra... Evoé!!! Ah, e é claro que Frazetta é um romântico do cacete, ainda que com um astral um pouco mais trágico...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Realismo e quadrinhos

Vencá, é mió eu começar esse post logo, antes que o mês acabe... Abril começando tarrde! É que eu escrevo mais offlline, tenho sempre uns segredos fermentando na gaveta... assim, à s vezes demora pra  vir aqui comentar o que os outros conseguiram  e conseguem tornar público...outro dia, esteve aqui um amigo que sabe da minha predileção por quadrinhos de aventura, em detrimento do humor. Não que eu não goste de piada, mas sempre prefiro uma intriga bem elaborada, ainda que curta.  Se só tenho dinheiro pra um, é sempre o gibi mais bem desenhado e movimentado que trago pra casa, e este, com raras exceções, tem sido o gibi de aventura, com todos os seus subgêneros: guerra, terror, erotismo, aventura histórica, adaptação literária, FC, super-heróis e por aí vai, com todas as misturas também. Até aí estávamos bastante de acordo, mas o camarada resolveu falar do meu gosto exclusivista por realismo, que é, segundo ele o que se filtra , o que permanece, na hq de aventura assim amplamente definida como eu fiz. Eu retei. E ele quis enterrar a bola dizendo que aqui nesse blog só tem espaço o realismo.Que eu privilegio os gibis da Warren. Ora, isso é  confundir o conhecimento de anatomia, que é bom pra qualquer desenhista, com realismo. Além disso, por mais que de fato o trabalho que fiz com Poe, por exemplo, tenha me levado a usar muitos exemplos vindos de gibis da Warren, nada garante que eles sejam realistas. Ele disse "Claro que sim!"- ao que eu devolvo, indignado; cacilda, meu cumpade, será que, por exemplo, Frank Frazetta é realismo?!-Sim ! Continua, no próximo e emocionante episódio!! Evoé!