Já se passou quase Abril todo e mal consegui começar a conversa que venho preparando faz uns dias, sobre realismo nas hqs de aventura. Correndo o risco de ser acusado de só postar imagens de gibis da Warren, começo afinal a conversa com uma imagem tirada de um gibi de guerra publicado por essa editora.Uma pg da época do alvorecer dos ditos gibis da Warren , ainda no início dos anos sessenta, na "Blazing Combat". Essa revista pouco depois de seu lançamento foi inviabilizada porque um general achou antimilitarista e proibiu sua venda nas mercearias do exércitop, o que a tirou do alcance de seu público pretendido... Foi uma época que siginificou a ressurreição das premissas, ao menos , dos gibis da saudosa EC. .A página que posto hoje abre uma hq escrita pelo grande Archie Goodwin e desenhada (nanquim e lápis, é bom que se diga, trabalho de exceção para os padrões norte-americanos já nesta época) pelo bacanão do John Severin. Este tremendo desenhista fez parte da turma dos gibis de guerra de Harvey Kurtzman na EC , e dos terror também. Notou que as premissas de Kurtzman e Elder estavam sendo retomadas por Goodwin , como editor da Warren. Logo , tornou-se um dos colaboradores mais assíduos não só da Blazing Combat, como da Creepy, da Eerie e da Vampirella. Ainda quando era arte finalista do Hulk, sobre lápis de Herb Trimpe, para a Marvel, não deixou de colaborar com as revistas citadas, mesmo depois da chegada dos espanhóis e filipinos, que desenhavam tão bem quanto os americanos, por um preço mais barato. Ninguém me tira da cabeça que o realismo conseguido por esses dois desenhistas sem medo de pesquisa vem de suas experiências na vida militar. Pois em hqs de guerra era visível seu esforço de verossimilhança, de desenhar as coisas como as viam. Se a hq tinha forças armadas, pode ter certeza: saía mais trabalhada. Quem quer que editasse o gibi do Hulk, fez bem em alistar Trimpe e Severin. O exército era um verdadeiro e constante personagem coadjuvante na série, não só o general Ross. E Severin detalhava tudinho! Sim, o Hulk dava (e ainda dá) trabalho. Por essa arte Warreniana que postei hoje, dá para ver a atenção com que o desenhista se dedicava a seu trabalho, a superposição de tracejados com que construía seus volumes. Não há dúvida de que há, da sua parte, muita vontade de mostrar as coisas tal como as percebe, e assim um forte componente de realismo. No entanto, é difícil apresentar seu trabalho como genuinamente realista. Por mais que ele mesmo achasse que era. No máximo, ouso dizer, há um quase-realismo inocente no seu traço, estabelecido sobre um conhecimento sólido de anatomia e das referências envolvidas por cima de corpos de heróis, o que é atributo romântico. isso sim. São românticos, sim, são os idealizadores das pessoas e da vida que procuram essa anatomia rigorosa em que o corpo humano sempre se apresenta em suas melhores condições. Desenhistas mais realistas, pra ver mesmo, fazem pessoas mais gorduchas, narigudas, magricelas, dentuças (menos bonitas), sem que se trate de humorismo ou de caricatura. No entanto, a procura de vender muito trabalha na direção heróica, e mesmo desenhistas da categoria de Russ Heath, do próprio Severin, de Joe Kubert , continuam trabalhando nela, é verdade que não de maneira tão declarada quanto Jack Kirby, John Buscema ou Carmine Infantino. Cabe até a gente comentar que na guerra o realismo fica mais relativizado pelo clima "Nós ou eles" que se apossa do ambiente numa guerra, mas o desafio, mesmo, e não só no nível dos desenhos, seria ver tais autores americanos fazendo hqs realistas que não se passassem na guerra... Evoé!!! Ah, e é claro que Frazetta é um romântico do cacete, ainda que com um astral um pouco mais trágico...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Ah, realista, sem dúvida ;)
ResponderEliminarCom certeza alcançou grande nivel de realismo dentro do que se propunha a dizer, exprimir.
Só me resta agradecer: Brigadão, Patati! Me será um exemplo e tanto do que se pode alcançar quando se trabalha bem com referencias!! Inspirador! E vamo q vamo ;)
Aração!!
Realismo, pra mim, é quando o tema abordado quer se parecer com o mundo real, como têm feito nas mais recentes Hqs de Super-Heróis, ou seja, o tal do "com-seria-se-uma-pessoa-de-verdade-tivesse-superpoderes", que mostra o lado cru da humanidade sem sentimentos, de "super-heróis" que traem sem remorso, que matam indiscriminadamente e por aí vai. É, na verdade um contrasenso, que faz que o que era ficção, romantismo, seja considerado infantilidade, fútil, tolo, irrelevante. Acho que o realismo não se encontra no desenho, embora haja artes que buscam imitar fotografias, o que acho que tem transformado as hqs em fotonovelas chatas... Ficção é bela, romântica e agrada. O Cinema está aí pra provar isso, o leitor de quadrinhos é que anda cada dia mais chato...
ResponderEliminar