quinta-feira, 23 de abril de 2009
Nonô 5 e João Antonio 1
Bom, antes de começar, à vera, o post de hoje, cumpre esclarecer que esta é a penúltima página dessa hq! Quem quiser lê-la toda de uma vez só, a partir de amanhã já pode, ainda que dê trabalho!! Cumpre asseverar também que pode não parecer, de início, mas o presente post está querendo responder à pergunta que eu mesmo fiz no de ontem... quais as raízes brasucas do Nonô??? Bom, esse negócio de raiz é todo meio muito sutil, de modo que nem sempre a gente entende como começa...Assim sendo, explico logo que minha vó morava em Copacabana. Eu morei em diversos bairros da cidade, mas minha vó sempre estava lá, a sua casa era um ótimo ponto de encontro, principalmente dominical, dos seus filhos e netos... Houve um momento na nossa família, em que havia jovem pra chuchu, e cabia todo mundo lá, no domingo, fazendo lanche na maior algazarra... Bem, depois de uma certa idade, já morador do Grajaú, conhecedor e pesquisador de botequins , como sempre fui (ao ponto de achar, na maior sinceridade que alguns deviam ser tombados pelo patrimônio histórico), passei a cultivar o hábito de descer do ônibus na Barata Ribeiro e antes de entrar na rua onde ela morava, descer uma gelada se não me engano no "Chuva de Prata"... Bela tarde, lá vinha eu, pronto pra chegar lá de noitinha, com um livro e um jornal na mão, a fim de ler os dois, e achei que só subiria pra casa de vovó quando terminasse a porção de leitura que naquele momento julgava cabível. No que entrei no bar, notei que havia uma comissão de bebuns juramentados... Clientela contumaz, sabem como? Daquela que tasca o desconhecido que tentar sair sem pagar, mas assume a dívida dos amigos que esqueceram porque exageraram... Eu, quieto no meu canto, terminei de ler o jornal e comecei capítulo do livro, do qual infelizmente não lembro mais, tudo com uma ampola só, pela frente. Mas comecei a ler meu livro e esse bebum emocionado , com cara de médico, porque vestido de branco e com alguns equipamentos, inclusive estetoscópio, ao alcance da mão, esse bebum emocionado me nota e se aproxima dizendo "Mas tu gosta merrmo de ler, hein, ô?"- eu, diplomático, concordo, e ele prossegue " e tu lê livro merrmo, né só jornal, não, né? E é um e outro, não um ou outro..." com essa eu comecei a rir. Aí o cara atalhou: "Tu tem que conhecer um amigo meu!" Nisto, se agitam os outros bebedores também, e ele se corrige: "Amigo nosso! Nosso!! UUma pessoa de ouro ! Ouro puro! E eu sei que ele sente falta do tipo de conversa que tu vai poder levar com ele... Porque todo mundo aqui gosta muito dele, mas a gente não sabe essas conversa de livro... e ele precisa... Precisa antes que vá embora... Sebastião!! Mindá a porra desse telefone!" Eu tento, espantadíssimo, demover o bebum de seu propósito, incomodar alguém em casa porque no boteco tem um doido que gosta de ler, não faz sentido, mas Sebastião já trouxe o telefone no ato, sem titubear, eu sem ação e o cara discando , pralegria dos bebuns e de Sebastião também!!! Já se viu uma coisa dessa? Nisso, atendem do outro lado, e ele: "Alô? João?? Desce aqui que tem um cara que tu vai gostar de conhecer!! Ele tá lendo sem parar, que nem tu, desde que entrou aqui dentro!!!" Eu ouvi o nome, nessa hora ainda não liguei os fatos de todo, mas em minutos, estava na minha frente, com cara de sedento, o autor de "Malagueta, perus e bacanaço!!" - na minha opinião, trata-se de um dos mais belos livros de contos jamais paridos pela nossa literatura... o conto sobre malandragem de bilhar que lhe dá título virou o belo filme de Maurice Capovilla, "Jogo da Vida". Enchi-lhe o copo, e maravilhado conferi que se tratava dele mesmo, o homem do "Meninão do caixote", "Abraçado ao meu rancor" "Dedo duro", "Leão de chácara"...o herdeiro contemporâneo, o continuador de Lima Barreto!! JOÃO ANTONIO!!!!!- é, não tem jeito, continua amanhã, quando inclusive comentarei, também, os 3 quadrinhos do fim da pg que postei hoje, belíssima pimenta que o Allan deu no molho pra essa hq...
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