sábado, 9 de maio de 2009

Une Soirée avec Benoit Peeters- 4



Ouf! Esse negócio de blog é, como todo espaço novo em que a gente se mete a mexer, um desafio bacana...De um lado, a espontaneidade com que se pode escrever, e que é o atrativo principal... a graça da coisa!!! Escrevo o que sinto!!! É um tipo de texto bem diferente, bem menos trabalhado que aquele que vai ser impresso, ou é pago... Tomo muito mais cuidado quando sei que vou ser impresso, não tem nem dúvida... Pelo outro lado, tem o desafio de ser constante, trazer novidade, o que importa é o "agora" de hoje, não é isso? E eu ainda aqui me esfalfando com a palestra desse excelente Peeters, a qual suspeito muito mais interessante pra quem escreve, pra quem estuda quadrinhos, que pra um fã habitual da mídia...não sei quem é que tem a paciência de estar lendo esses cartapácios que tenho escrito, mas aqui, diria a Emília, é o lugar de ABRIR A TORNEIRINHA... de asneiras, também!!! No tempo em que eu fazia crítica de hq pro extinto jornal literário VERVE, claro que não poderia me estender assim...mas escrever sincero sem incertezas não vale a pena, né??? O grande Heitor Pitombo, assim como outras pessoas, mas ele ,com ênfase, me diz que na net ninguém lê coisa comprida...mas as palavras me escorrem, e eu, sendo sincero, falo pelos cotovelos...é pra ser sincero... ou conciso? O critério publicitário do "público alvo" de fato, ao menos aqui, não me seduz!!! Tudo isso, não vos desespereis, tem tudo a ver com a continuidade da conversa do Peeters...fiquei maravilhado quando ele disse que estudou e estuda muita literatura, cinema, e filosofia!!! Como eu!!! A experiência de leitura alimenta a experiência vivida... posso repensar várias passagens graças ao meu...repertório...Ele o faz,deu pra perceber, tendo passagem acadêmica forte, no seu caminho pras hqs...a fotonovela com posfácio do Derrida, da qual falei, foi algo que fez antes de começar a escrever quadrinhos...recorreu a eles quando notou sua imaginação mais e mais ousada (e cara...) bom, apesar de eu ter chegado nas hqs antes de na filosofia, a dita de fato afeta bastante meus quadrinhos e textos ficcionais...não é à toa que tenho a FC na conta de ser a literatura popular, de idéias, do nosso tempo...um dos modos de lidar com o impacto crescente da tecnologia e da ciência nas nossas vidas... a dúvida persistente, presente na obra de Philip K. Dick, como um todo, acerca do que é de fato real(seja o andróide ou a identidade pessoal do policial que se autovigia), afinal, é uma dúvida filosófica!!!Assim também o majestoso "sense of wonder" de Arthur C.Clarke e de Olaf Stapledon, a psico-história de Asimov (leitor de Spengler) e a idéia de Peeters e Schuiten, de pensar a cidade como personagem... é tudo, como diria Tia Nastácia, da mais alta fisolustria!!!Eu perguntei a Peeters porque é que , em tantas das suas hqs,("A Febre de Urbicanda", "A Sombra de um Homem"," A Menina Inclinada") há essa oposição (quase!!) entre tremendas instalações urbanas MUITO planejadas e pessoas que não entendem porque acontecem os eventos surrealistas das histórias (a sombra que ganha cor e personalidade, o cubo que prolifera, etc etc)- e ele respondeu que muitas vezes lidar com os acontecimentos e manter a vida funcionando não passa por entender as novidades,logo de cara, mas passa primeiro por aceitar a vivência de eventos que pouco antes teríamos chamado de impossíveis... bom!!! "Amanhã", ainda encantado com filosofia e quadrinhos, faço o epílogo...brasiliense!! fluctuat nec mergitur. disse o patati com seu latim de Asterix!!!

1 comentário:

  1. Oi, Patati

    Aqui o Mário Latino, de volta. Concordo com o que vc diz que as novas gerações não gostam de textos profundos e extensos. Parece até doença para aqueles que como nós estamos acostumados a escarafunchar todas as possibilidades do raciocínio.
    Novamente vc tem razão ao observar que o autor (seja de quadrinhos ou de literatura) deve ler muito para elevar seu ponto de vista e assim fazer valer a pena ser lido. Não por coincidência tenho andado nos últimos tempos enroscado com os textos de Joseph Conrad e Ambrose Bierce.
    Continue escrevendo tão bem quanto sempre.
    Abraços

    ResponderEliminar