quinta-feira, 9 de julho de 2009
Epa! O Barril de Amontillado!
O post de hoje é cheio de pedidos de desculpas. Começo pedindo-as pela qualidade de alguns dos scans que sou forçado a exibir. isso é para não escangalhar muito certos gibis destroçados que têm bravamente cumprido seu dever, esses dias. O de mostrar as páginas nesse posto de observação, às vezes sofrendo amassões e puxões além do chamado do dever. Mas não há outro jeito...Já o segundo pedido de desculpas vem do fato de que achei que a versão do Gato Preto por Bernie Wrightson, de 74, inaugurava o caso de amor da Warren com Poe, nosso Edgar Allan. Mas fui fuçar com mais atenção e encontrei adaptação bem mais antiga. Sim, feita em gibi da Warren! Ainda do meio dos anos sessenta, a época em que Archie Goodwin era o editor e principal roteirista. Reed Crandall, o desenhista, era um veterano da EC Comics, parceiro de nomes como Wally Wood, Johnny Craig, John Severin, George Evans, Bill Elder, e muitos outros papas do realismo em hq. Muitos deles voltaram a fazer horror quando James Warren criou suas revistas, Creepy, Eerie e Vampirella. Com certeza Crandall em especial estava contente, pois deu o melhor de seu traço meticuloso para essa adaptação do Barril de Amontillado, a primeira para os quadrinhos. A Warren ampliou o repertório!! Podemos dizer que se trata de uma hq de época realizada com o maior capricho.Goodwin sabia convidar o desenhista certo pra tarefa adequada. A única imagem aterrorizante nesse conto, é a do final. Então , com o maior acerto, Crandall, como Poe, se dedicou a evocar os desvãos da vasta adega na qual acontece a ação da narrativa. No fim desta, entendemos que tais desvãos também são os da mente do narrador, que se tornou matador... e que ele se dá mal por ficar lá conversando com o camarada que emparedou. É como no "Crime e Castigo", do Dostoievski: voltar à cena do crime leva ao desastre... Aqui, o matador perde o caminho de volta enquanto a adega se inunda... nada de sobrenatural se passou, e não há nem sombra de recurso ao expressionismo de Wrightson. Mas há esse realismo meticuloso, assombrado, que se dissolve na água que tudo invade...brrr!!! Isto é, excelsior!!
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Surpresa muito boa, mas muito boa mesmo, a minha ao encontrar o seu achado precioso sobre O B. de A. de Poe em HQ!!! Vou aproveitar o material em uma atividade que estou preparando para os alunos, sem esquecer de mencionar o seu blog e seu esforço de pesquisa e vontade de partilhar!!
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