segunda-feira, 13 de julho de 2009

Os Assassinatos da Rua Morgue- Segunda versão




Nos finais dos anos setenta, depois de uma longa decadência em que Archie Goodwin saiu da editora e os veteranos da EC sumiram, sobreveio uma segunda era de ouro dos gibis da Warren. O que se deu foi que os editores, possivelmentew Budd Lewis, se é que era mesmo esse o nome do bacana, notaram existir um bom número de desenhistas em outros mercados do mundo,tão capazes quanto aqueles, e possivelmente mais baratos... Os espanhóis em particular, ficaram felicíssimos de serem pagos em dólar! Conviveram bom tempo com uns poucos americanos pouco afeitos a super-heróis. Gente de alte categoria abrilhantou as páginas desses gibis de uma forma nova. Estou falando de desenhistas de estirpe, como José Ortiz (o mais sombrio de todos, dono de longa carreira, ainda hoje em atividade, fazendo Tex) Estebán Maroto (conhecido no Brasil pelos Cinco por Infinitus, sua FC propriamente espanhola), Isidro Mones, Luis Bermejo, Adolfo Abellán, e o José Gonzalez, que estabeleceria o look definitivo da Vampirella, pouco depois de chegar na editora. Além de capistas como Enrico e Sanjúlian, que estiveram à altura de Frazetta como nenhum de seus substitutos americanos estivera, na editora, ao menos. E sim, é claro que toda essa gente adaptou contos de Poe pra quadrinhos, na Warren. As imagens no post de hoje vêm da segunda versão de "Os Assassinatos na Rua Morgue" que consegui encontrar. A primeira foi aquela dos "Classic Comics". Não se discute, é bem melhor que a primeira, sim!! Mas isso não é dizer muito. Essa nova versão foi realizada por José Ortiz, com roteiro de Rich Margopoulos. Ilustra muito bem o fato de que um excelente desenhista, apropriado ao tema, inclusive, não salva um roteiro ruim, ou limitado. Pena. O roteirista, que assina quase todas as adaptações que não foram escritas por Archie Goodwin, de costume fazia serviço melhor. Mas aqui ele remoçou tanto Auguste Dupin quanto o narrador do conto, na perspectiva de trazer mais ação aos acontecimentos, imagino. Engano. O conto precisa dos raciocínios, não das correrias. Além disso, Margopoulos fez acontecerem os assassinatos quase embaixo dos narizes dos personagens. Parece que foi sorte eles descobrirem a verdade dos fatos, não esforço. Ou seja: só manteve os aspectos terroríficos do conto original, eliminando aquilo que, no texto de Poe, constituiu a inauguração da literatura policial ou detetivesca, cujo principal personagem viria a ser Sherlock Holmes. Não acho que seja uma boa opção escangalhar com aquilo que Poe e diversos leitores consideram a parte mais singular de seu trabalho, a literatura de raciocínio. O que faltava talvez fosse um número maior de páginas, para que as imagens pudessem acompanhar mais de perto, mais devagar, o movimento na cabeça do narrador. Como acompanha na do macaco, quando chega a hora. A opção por acelerar o ritmo deu certo, não há dúvida, quanto aos aspectos terroríficos do conto. Mas fazer acontecer tudo de uma vez só, sem se deter na investigação nem um pouquinho, faz parecer muito "sortudos" Dupin e o seu confrade narrador. Por outro lado, aqui no post está uma das melhores partes da história, quando tudo se passa através dos olhos do macaco apavorado que comete as besteiras... O efeito da quase repetição de certas imagens, e do tamanho de todos os quadros nessa pg, é enorme. Quase compensa as faces jovens demais dos protagonistas no quadro de abertura,logo acima. A vida é dura! Mesmo os bons se enganam! Talvez não valha a adaptar o que não se rende à adaptação...Ou então fazê-lo com cuidado...

Sem comentários:

Enviar um comentário