domingo, 28 de junho de 2009

Poe no Brasil- O Corvo, primeira versão, e A Máscara da Morte Rubra




Nos EUA e, em pouco, no resto do mundo, chegou a hora dos quadrinhos de terror. A obra de Edgar Poe a acompanhou. Foi adaptado em tudo quanto é canto. Claro que terá virado hq pela Europa afora. No hemisfério sul, tanto no âmbito da majestosa hq argentina como no da incipiente brasileira, dos anos cinquenta em diante, obedecendo às diferentes característica dos diferentes mercados, Poe com certeza passeou em muitos gibis. Em cada qual como pode. Por exemplo, no caso do Brasil as hqs feitas por brasileiros sempre tiveram que lutar muito, muitíssimo, para existir. Alguns abnegados, em condições de trabalho muito adversas, conseguiram produzir material de bom nível, embora tenha havido mediocridade também. Mas foram feitas por gente apaixonada pelo que fazia, o que supera muita coisa. Pelo outro lado, por muito tempo, por definição hq feita no Brasil foi em p&b. Claro que as capas não, razão por que esse belo trabalho do Carlos Chagas está aqui tão classudo. A adaptação "lenta" do Ricardo Leite pro Corvo, mantendo o poema inteiro, dá um clima romântico e sinistro da porra!!! A meu ver supera de longe o trabalho que o Gahan Wilson, ninguém menos, faria , anos depois, na nova "Classics Illustrated" dos anos 80. É que o Leite conseguiu uma solução de traço romântica e sinistra a um só tempo, sabendo tirar partido do fato que a revista da Vecchi era em preto e branco, e sem perder o jeitão de hq do seu trabalho,que, no fundo, no fundo, foi de ILUSTRAÇÃO. O rosto do Poe ele explorou melhor do que o movimento do corvo... tem o mérito do pioneirismo. Eu nunca tinha visto ninguém aproximar poesia e hq antes. Mesmo que a versão do desenhista não seja, de todo, uma hq, impressionou e coube bem num gibi esperto como foi a Spektro. A outra ilustração do post de hoje é, mais indiscutivelmente, uma hq. Trata-se de pedaços de uma adaptação de "A Máscara da Morte Rubra", pelo Manoel Ferreira, também tirada da Spektro. Aqui podemos notar os problemas de se trabalhar com formatinho, fica tudo um pouco espremido, mas o traço do Ferreira deu conta do recado. Soube captar o andamento do conto e dar destaque adequado, na hora em que o anfitrião da festa entende quem é seu convidado misterioso, e lhe tira a máscara... Temos sempre que nos lembrar: não há comparação possível entre as condições de trabalho que esses brasileiros enfrentaram e as que os americanos tiveram. Não que para esses últimos fosse fácil, mas os brasileiros, pra pagar as contas,tinham que desenhar muito mais rápido!!! Ainda assim, como se vê aqui hoje e amanhã, os nossos compatriotas não fizeram feio ao dialogar com Poe, não! Excelsior!!!

1 comentário:

  1. Short but sweet. Thanks for the sample of Ferreira's "Masque". This is the first I have been able to find of it so far. SPEKTRO #6 has refused to turn up online in its entirely (yet), which may explain why it is listed as "rare" and more expensive than usual at various for sale sites.

    I've spent the last 7 months trying to assemble every single POE comics adaptation ever done in one place, starting with CLASSIC COMICS #17 (Gilberton / Jan'1944).

    http://professorhswaybackmachine.blogspot.com/2015/02/poe-1943.html

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